Por Nylton Gomes Batista
Do quase total isolamento em que estava a maioria dos indivíduos, dependentes da mediação de terceiros, no tocante à comunicação, o mundo saltou para a interação instantânea global, excetuando-se, é claro, as populações sob o jugo de governos ditatoriais. Se, há cerca de quarenta anos, havia que solicitar à telefonista um contato noutra localidade e, então, aguardar, às vezes, por horas, pela ligação, nem sempre satisfatória, devido a diversos fatores a interferir, hoje, fala-se, praticamente, a qualquer hora e com qualquer ponto do mundo, até por vídeo. O celular, dotado de câmera, tirou do repórter o que ele mais buscava, para valorizar-se e ganhar notoriedade: o furo de reportagem. Na era da comunicação instantânea, qualquer pessoa pode fazer o que antes era exclusividade do profissional de notícias. Se quiser, ele pode ficar, confortavelmente, em casa, ou no trabalho, a pescar e selecionar notícias veiculadas nas redes sociais, websites e blogs. Tudo o que acontece no mundo está na internet, antes mesmo que profissionais da mídia tomem ciência! Isso é bom?
Depende, porque em sendo o ser humano dual, como tudo mais no universo, o que ele produz também tem duas faces: o positivo e o negativo, faca de dois gumes, como é dito, comumente. Os indivíduos estão interligados, ganharam espaço no mundo das comunicações, dão e obtêm mais informações. Por outro lado, a informação, antes escassa e muitas vezes distorcida, passou a ser excessiva e, parte, mais distorcida ainda, com a vantagem de que, na atualidade, é mais fácil de ser desmascarada. No nível individual, há que ter, por parte de cada um, o cuidado de se equilibrar, captando de informação não muito além do que lhe é necessário. Informações que nada acrescentam ao seu potencial e à sua qualidade de vida, vão apenas atulhar a mente, contribuindo para um desajuste, que pode levar ao oposto da qualidade de vida desejada. Entretanto, parece estar no coletivo o dano maior, causado por tanta informação, boa parte desinformação, confundindo opiniões e levando muita gente a se descurar de sua autonomia de pensamento em favor da subserviência aos ditames manipulatórios de terceiros.
Na pandemia do novo coronavírus/COVID-19 e âmbito político-ideológico, ergue-se acima da superfície das relações humanas, um cipoal do “disse que me disse”, “conversa fiada”, “trololó”, tudo a significar notícia falsa ou mentira, mas denominada “fake news”, por uma facção, como se fenômeno novo fosse, ainda sem designação na Língua Portuguesa. E “fake News” é tudo que apoiadores do governo constitucional (há o governo paralelo) dizem, divulgam, propagam por qualquer meio, dando-se a entender que apoiadores do governo paralelo são os donos da verdade. Assim é que, nas mídias sociais, os “paralelos’ podem dizer tudo e acusar, levianamente, qualquer pessoa, sem que nada lhes pese, enquanto os “constitucionais” sofrem bloqueios, perdem renda na divulgação online, podendo até ser presos, por defenderem o governo federal, conforme já aconteceu a jornalistas. Falar da pandemia, criticar, denunciar governos estaduais e municipais por ações contrárias aos direitos de cidadania, bem como a politização da crise sanitária, virou crime sob a óptica dos “paralelos”. Para eles tudo é “fake news”! Uma palhaçada”! Até vídeo, que mostra, ao vivo, o deslizamento de parte do Morro da Forca, teve seu compartilhamento bloqueado!
Estamos no Brasil ou em Cuba? Talvez, na China! Vídeo a mostrar palestra de neurocientista sobre as “vacinas” anti-COVID-19, proferida em Audiência Pública da Câmara Legislativa do Distrito Federal, foi rejeitado pelo Youtube sob a alegação “informações médicas incorretas”. O que é qualquer das chamadas “big techs”, ou, quem é qualquer de seus donos ou diretores para julgar e condenar o trabalho de um profissional da ciência-médica, titulado por renomadas universidades, mais de trinta anos de experiência? O mundo virou de ponta cabeça! Felizmente, o Youtube pode exercer hegemonia, mas não detém o monopólio! O vídeo foi hospedado em outra plataforma e então publicado.
Chega-se à conclusão de que o sistema político vigente leva a comunicação/informação a um paradoxo. Sabe-se que a fome mata, mas nunca de forma instantânea, mas aos poucos; ninguém morre de fome de um dia para o outro! Ao contrário o excesso de comida pode levar uma à pessoa à morte, em questão de horas.