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Ponto de Vista do Batista
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Estamos todos no mesmo barco XCVIII

Por Nylton Gomes Batista
Depois de dois anos a imperar nas fuças de todos, pelo menos, dos menos irresponsáveis quanto à segurança coletiva, caiu a obrigatoriedade do uso da focinheira, restando a obrigação de usá-la nos recintos fechados, enquanto não liberada pela administração do local. Em Minas Gerais, desde o dia doze deste, seu uso é facultativo em áreas abertas. Quem quiser usar usa, mas não mais está obrigado a usá-la, na rua, por exemplo. Embora incomode, mais a uns, menos a outros, o fato é que a máscara nasobucal ainda é o menor sacrifício nos impõe a situação de pandemia, ainda que alguns se rebelem contra seu uso obrigatório. Crê que para o brasileiro o maior sacrifício é o isolamento social; não poderem se abraçar os amigos, na rua; manterem-se distantes vovôs e vovós dos filhos e netos; não poder fazer quela festa do fim de semana. O brasileiro é de espírito irrequieto, solto no mundo (no sentido de não se prender a formalidades) e pronto para abraçar a pessoa que lhe sorri. Daí o porquê de o isolamento social ser o maior sacrifício para si. Como somos assim o tempo todo e nem sempre temos com quem comparar, não sabemos o quão somos diferentes, em comportamento social, diante de outros povos. Temos defeitos, às vezes muito graves, que estrangeiros apontam quando estamos em seu país, mas as virtudes compensam, largamente, de acordo com testemunhos, vistos com frequência na internet. Até nisso a internet nos faz um grande favor. Devido ao atraso crônico do país, fator que se debita a maus governos e políticos formados ou deformados em partidos,  cidadão brasileiro sofria e ainda sofre de complexo de inferioridade, mas isso tende a mudar, porque ele descobre que o Brasil pode ser igual aos mais destacados; basta que ao povo seja dada oportunidade de se desenvolver, em todos os sentidos, a partir da família bem estruturada,  passando pela escola (nos três níveis) humanizada, para chegar ao bem estar individual e coletivo, mediante realização de projetos de vida. O que tem faltado ao povo é o alento, como a alma que vida ao corpo! De volta à internet, depoimentos de estrangeiros, que aqui vivem ou já viveram, dão-nos uma mostra do quão somos admirados por nosso modo de ser. De diversas partes do mundo, de países mais longínquos, há louvações a brasileiros, destacando-se entre as qualidades a amabilidade, a jovialidade e a informalidade na hora certa. Como tanto se fala na Rússia, no momento, infelizmente em razão do mau emprego do poder político de seu presidente, lembro-me do que diz uma russa, que aqui viveu
“Quanto mais reza, mais assombração aparece!” Estourou a guerra na Ucrânia com a invasão russa e toda sorte de desumanidades, próprias desses momentos insanos. Sem querer e a se indignar com o fato, o Brasil acabou por entrar na guerra, não porque seu governo tivesse declarado, mas porque um indivíduo, eventual e infelizmente, deputado estadual paulista, foi até lá fuçar o que não era da sua conta.
Tendo recebido do eleitorado paulista o mandato de representante popular, cabia a ele trabalhar pelos interesses do seu estado, representar, pelo menos em tese, o povo paulista, em busca do melhor para seu bem-estar. Entretanto, pelo que deixou transparecer em sua mensagem telefônica a possível comparsa de duvidosas aventuras, não é isso que ele faz. Com exceção dos combatentes, participantes efetivos do conflito, e dos profissionais da imprensa, destacados para cobrir os fatos e levá-los ao público, os demais fogem do cenário de batalha. Não tendo compromisso profissional ou moral a ela vinculado, toda e qualquer pessoa foge da guerra como o diabo foge da cruz!
Que raio de interesse movia tal político tupiniquim onde ninguém o chamou e para onde ninguém o enviara? Tudo teria permanecido nas sombras de sua mente, talvez doentia, e, o público não teria tomado conhecimento, se não fosse pela necessidade de exaltação do ego animalesco; necessidade que faz alguns indivíduos jactar-se do que faz em suas aventuras sexuais, quase sempre predatórias. A vanglória, nesses casos pode, também, ser uma falácia a encobrir resultado contrário ao fato do qual se gaba! Mas, aqui não se trata de analisar o que ele faz ou deixa de fazer, a dois, na intimidade. O que importa e não deixa de revoltar quem de bom senso tomou conhecimento dos fatos foi a sordidez de seu comportamento diante de uma situação que requeria, antes de tudo, sentimentos humanitários, caridade para com o semelhante em situação de desespero, longe do lar e sem perspectivas para os momentos seguintes. Na impossibilidade de auxílio concreto a uma vítima, em cenário de guerra, o mínimo que se cobra é respeito; não foi essa atitude do eventual deputado, que se imaginou a “caçar presas sexuais” na fila de refugiadas, conforme ele mesmo relatou ao seu contato telefônico. Dizer que elas seriam “fáceis”, porque eram “pobres” foi o cumulo do insulto à mulher de modo geral e uma ignomínia em relação à situação vivida pelas ucranianas refugiadas. Quanto às tentativas de explicar o inexplicável seria melhor que fechasse a matraca, porque sua imagem diante do público pode se enodoar ainda mais. Arrecadação de fundos, ´para auxílio às vítimas da guerra, poderia ter sido feita daqui mesmo com todas as vantagens, que tecnologia oferece, sem os riscos de se converter em mais uma vítima. Diante do que disse em relação às refugiadas, o argumento da arrecadação de fundos não se sustenta e cai sob a suspeita de cortina de fumaça a encobrir suas verdadeiras intenções e, ou, ações. Pode até não ser, mas diante do que disse e da tentativa de desdizer, evidências testemunham contra si!
No cenário político interno, onde uma facção, os “constitucionais”, tem seus seguidores perseguidos, impedidos de se manifestar, impedidos de receber por serviços prestados na área da comunicação, chegando alguns a ser presos, nenhuma reação; do “governo paralelo” nada se ouviu e nada ele fez. Em compensação, o mundo verdadeiramente humano se indignou contra a atitude daquele indivíduo; homens e mulheres se manifestaram por intermédio das redes sociais, pedindo a cassação de seu mandato como deputado na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, Crê-se que não tem apoio nem no partido, ao qual é filiado e onde parece ter aprendido que PODE tudo falar e fazer, desprezando valores humanos como respeito, solidariedade, caridade, sobretudo em relação às mulheres, em situação de vulnerabilidade, tendo como exemplo as refugiadas ucranianas. A pressão tem sido grande, o bastante para romper o corporativismo partidário que, em outras situações, dificilmente deixaria seu filiado sem cobertura. Pode estar, portanto, o ambiente político brasileiro numa situação “sui generis”, uma exceção à regra de tudo ser feito ao contrário do desejado pelo povo. Nesse caso, o sistema deverá desligar a panela, cuja pressão chegou ao nível máximo: o indesejado deputado deverá ser cassado. Mas, o sistema continua a criar agentes indesejados e alimentar oportunidades aos que, sem escrúpulos, podem fazer com o povo, do povo e para o povo qualquer iniquidade brotada em suas mentes torpes. Numa DEMOCRACIA ABERTA, isto é, sem partidos políticos, essa possibilidade seria, drasticamente, reduzida.

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