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Ponto de Vista do Batista
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Estamos todos no mesmo barco LVIII

A COVID-19 transpôs a Grande Muralha da China, espalhou-se pelo mundo e está a mexer com muita coisa na vida humana, além da saúde, que pode ser anulada até o ponto de morte. Mas, se a vida humana prima pela diversidade na individualidade, ou seja, cada indivíduo sente, constrói e vive num mundo, de acordo com a sua personalidade, também são muitas as reações diante da pandemia que aí está.
Afora profissionais da saúde e outros que trabalham na área, todos conscientes dos riscos e de sua própria situação, há os que seguem a jornada de maneira natural, sem qualquer quebra de sua rotina, exceto os cuidados específicos, requeridos pelo caso e ocasião; não deixam de viver, cuidando para que não se deixem dominar pelo medo.  Também não deixam de colaborar no que podem e quando podem, para que menor seja o sofrimento de terceiros. Infelizmente, na extremidade oposta, muitos são os que se isolam de tudo e de todos, vendo oportunidade de contágio a cada momento, sem perceber que, pouco a pouco, o medo os torna paranoicos, aparentemente livres da COVID-19, no entanto, propensos a desenvolver outras doenças.
É preciso entender que o mundo não acabou e nem vai acabar; passa por transformação, à qual a espécie humana deve se adaptar, nalguns casos, de forma natural, noutros, nem tanto, mas inexoravelmente. Na natureza (doença é também parte dela), transformações podem não ser bem entendidas e acolhidas, no plano individual, porém são parte do processo evolucionário, no nível coletivo.
Ao falar da diversidade quanto à personalidade humana, cuja escala descendente vai do anjo ao demônio, vamos ao registro de um fato a mostrar que o mau-caratismo pode até vir revestido do aspecto legal. É aquela pretensão de se obter uma vantagem, que o bom senso, a ética e a virtude não aprovam, mas dentro do emaranhado legal pode haver algo ou alguém a aprovar. Quem não tem escrúpulos, joga; “vai que cola”?
O caso teve como base a tragédia de Brumadinho, ocorrida dia 25 de janeiro de 2019, na qual morreram mais de duzentas pessoas. Três empregados terceirizados, mesmo não presentes no dia, hora e local da tragédia, recorreram à Justiça do Trabalho e reivindicaram reparação por danos morais. Alegaram que “foram submetidos a risco de vida, risco à saúde e à integridade física por terem trabalhado e frequentado de forma contínua e permanente o complexo da mina”. Entretanto, confirmaram que teriam trabalhado na área somente até dezembro de 2018.
E então? Como teriam corrido perigo, se não estavam no local? São muito caras-de-pau, isso sim! Fossem honestos, de brio e gratos, teriam agradecido a Deus pelo fato de terrem se afastado do local um mês antes! Imagine-se se a moda pega. Quem tem, acima de seus telhados, rotas de aviões, estaria a sacudir a Justiça por indenização por hipotéticas quedas de aeronaves sobre suas cabeças! Certa vez, estando eu em viagem de negócios, decidi regressar, quando concluí que o objetivo havia sido alcançado. Entretanto, por muito que tenha me esforçado, não consegui adquirir bilhete de passagem para o horário pretendido e acabei por embarcar, algo em torno de trinta minutos mais tarde. Uma série de obstáculos se interpôs no meu caminho, desde o momento em que decidi pelo regresso. Viajei um tanto contrariado, mas à metade da viajem tive uma chocante surpresa e, ao mesmo tempo, um grande alívio. O ônibus que partira trinta minutos antes, e, no qual eu teria embarcado, se contratempos não tivessem acontecido, havia colidido de frente com outro veículo da mesma empresa, em sentido contrário. Do acidente resultaram quatorze mortos no local e outro tanto de feridos, alguns em estado grave. Deixei de lamentar e passei a agradecer a Deus pelas felizes intercorrências, que me impediram de comprar a passagem para a hora pretendida. Nem sempre o que nos parece mau, o é de fato!
Os espertinhos, no caso de Brumadinho, perderam a oportunidade de agradecimento especial a Deus, por terem saído de cena, antes da tragédia, ao contrário de tantos outros levados pela lama e dos sobreviventes, que sofreram, de fato, o impacto físico ou emocional. Não é a primeira vez que tentam se valer de possíveis brechas na lei e em falhas ou fraquezas da justiça terrena porque, conforme já dito, a natureza humana comporta de tudo entre o bem e o mal.

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