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Ponto de Vista do Batista
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Estamos todos no mesmo barco LXI

Pensa-se estar a viver o pior momento, não em relação a si próprio, porém em relação ao semelhante com tanto sofrimento nos hospitais, tantas vidas preciosas a se esvair, preocupação e medo diante da pandemia descontrolada, angústia ante à falta de expectativas, quando somos sacudidos por fatos que, etiquetados como colaboração dentro da solidariedade, na verdade, visam a busca do poder a qualquer custo. 
Bafejada pelo STF junto ao Senado Federal, a denominada CPI da COVID-19 tem propósito além do que nos sugere seu nome, só não vendo quem não quer, desde que tenha tomado conhecimento do que tem acontecido em seu âmbito. Seria para investigar desmandos e desvios de verbas destinadas ao combate à pandemia, mas está nas mãos e é conduzida pelos insatisfeitos com o insucesso da facada (dia 06/09/2018), que eliminaria um candidato à eleição presidencial, naquele ano; pelos insatisfeitos com o resultado da mesma eleição presidencial; pelos insatisfeitos com a posse do vencedor da eleição; pelos insatisfeitos com a sua forma de governar; pelos insatisfeitos com o combate à corrupção pelo governo e dentro do governo; pelos insatisfeitos com a perda das bocadas e astronômicas verbas publicitárias; pelos insatisfeitos com a perda das tretas e mutretas mil, que corriam em prejuízo de toda a nação brasileira. 
Se no âmbito da luta armada se destaca o terrorismo mortal, que não escolhe vítima, no âmbito da CPI da COVID-19 acabam de adotar e praticar o terrorismo psicológico contra vítima escolhida a dedo, para atingir a outrem. A médica Nise Yamaguchi foi a vítima. Convidada (não convocada) para depor naquela CPI, não teve oportunidade de emitir sua opinião, porque a interrompiam antes de completar a exposição de seu pensamento, numa clara disposição para massacrá-la, humilhá-la, desmoralizá-la. Independente do seu extenso currículo de profissional da ciência médica, em contraposição à capivara escondida por alguns dos senadores, seus inquisidores, a defesa que se faz aqui é da pessoa, Nise Yamaguchi, extremamente educada, que ainda foi debochada por sua mansidão no falar. Ainda que ela não fosse a personalidade que é, que fosse uma pessoa simples, sem títulos, merecia ser tratada com humanidade. Aliás, bandidos, nas delegacias de polícia, são tratados com mais educação! 
Da sociedade, esperava-se que a militância feminista se pronunciasse em defesa da mulher, Nise Yamaguchi, idosa, trabalhadora em defesa da saúde e da vida por cerca de quatro décadas, mas parece que essa ala está também comprometida com os propósitos mal declarados da CPI. Não se levantou uma voz do combate à violência contra a mulher, pois o que se praticou contra a médica, na CPI, foi também uma violência. Neste país grande, bobo e irresponsável, por sua banalidade instalada, a violência só é tida como tal quando há sangue! Entretanto, qualquer pessoa se sente agredida e acuada, quando impedida de falar por voz contrária e mais alta; quando sob tortura psicológica. Ela sofreu tudo isso e reagiu com a mansidão. Em nenhum momento ela se alterou. 
A doutora Nise foi desrespeitada e, por extensão, toda a classe médica ofendida! São os médicos e demais profissionais da área que estão a lutar, na linha de frente, contra a COVID-19, expostos a todo o perigo; não são os políticos, não são os senhores senadores, integrantes da CPI. 
Aqueles senadores, achando-se deuses do Olimpo, estão ali somente porque o permite este sistema político porco, corrupto, que já deu o que tinha que dar! Gostaria de ver esses mesmos políticos a atuar sem o guarda-chuva do seu respectivo partido; participar de uma CPI no sistema de democracia aberta com o mesmo comportamento adotado na CPI da COVID-19. Creio que não chegaria a vê-los em tal condição, pois no sistema estabelecido estão livres para fazer o querem sob a proteção do partido, ao qual respondem. Na democracia aberta, sem partidos, estariam vinculados, diretamente, ao eleitorado e a este responderiam, podendo até perder o mandato, se não atendessem ao mínimo deles esperado. Não haveria espaços para tristes espetáculos como esse da CPI em curso. 
No filme O Planeta dos Macacos, imagina-se, no futuro, o domínio do mundo e da humanidade pelos símios. Com base no que acontece no Brasil, onde ladrões, embora minoria, se organizam e de tudo fazem para voltar a roubar, quando eventualmente contidos, o planeta passaria a ser dos ratos.

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