Em plena pandemia da COVID-19, trazida pelo novo coronavirus, chinês de nascimento e visto por muitos como praga decretada no inferno, quem escapa do medo e do pânico, embora com cuidados para não engrossar a lista de contaminados, tem mais condições de observar, analisar e avaliar o que se passa.
Mediante comparação grosseira e guardadas as devidas proporções é como um espectador da geral a acompanhar o que acontece na arena, onde se misturam doentes, combatentes às doenças e mais um sem número de dedicados anônimos a colaborar para o restabelecimento da saúde, todos sob o jugo de muito sacrifício. Na maioria das vezes, os combatentes ganham, mas quando a doença vence, para eles é como perdida a batalha. Mas, a guerra continua! Fora dali, a luta é inversa, um pleno pandemônio, no qual se misturam corrupção e desinformação, uns a desviar ou surrupiar recursos necessário à guerra que se trava, abocanhar auxílio destinado à parcela mais frágil da população, e, outros a confundir a opinião pública com vistas a interesses estranhos aos apelos de toda a nação, neste momento. Lá dentro, a luta pela saúde e pela vida, cá fora, a luta para mais TER e por mais PODER! Lá dentro a luta com boa vontade e amor, cá fora, com desespero e sem PODER, também a luta para, de fome, não morrer. A distinção entre uma e outra situação talvez não fosse possível, se não fosse a internet, recurso tecnológico, que democratizou a informação e abriu, ao público, as portas antes exclusivas à grande mídia. Não fosse a internet com todo seu poder de comunicação aberta e praticamente instantânea, o público estaria sendo mais enganado do que ainda continua a ser. Fatos escamoteados e palavras torcidas ao contrário formam espessa cortina entre os olhos do público e a realidade em curso! Ainda acontece, mesmo sob a vigilância da internet!
Imagine-se isso antes. Talvez não caiba, nos limites da imaginação, o quanto se enganava antes da televisão, quando o rádio e a escrita imperavam, sem qualquer concorrência! Entretanto, em pequenos detalhes de narrativas televisivas, percebe-se o potencial de enrolação, tretas e mutretas da comunicação, antes de sua evolução para a transmissão da imagem. Em reportagens televisivas, principalmente de natureza policial, é só estar atento às palavras do repórter e as imagens mostradas pela câmera. Tornou-se chavão, por exemplo, a expressão “mata fechada de difícil acesso” para definir local, em zona rural, palco de algum evento. Ouvem-se as palavras do narrador, mas a imagem mostrada pela câmera não passa de pequeno mato ou capoeira, que mal esconde um gatinho.
No mesmo local, a equipe transita sem os grandes esforços, sugeridos pela expressão “de difícil acesso.
Certa ocasião, um canal fez várias chamadas para matéria, que seria desabamento de laje de prédio público. Na verdade, o acontecido foi o desprendimento de pequeno pedaço de gesso ornamental do teto; nada mais do que isso. Ainda há poucos dias, repórter a percorrer ruas alagadas por grande temporal, em São Paulo, narrou que a água alcançava seus joelhos. Ele se esqueceu da imagem captada por helicóptero, que mostrava, claramente, a água pouco acima dos tornozelos. São apenas detalhes, amostras da enganação que pode estar por trás de matérias, que interessam a outrem muito mais que ao público. Chega-se ao limite da irresponsabilidade como foi o caso da frase “o Brasil não é um país sério”, atribuída ao então presidente francês, Charles de Gaulle, por ocasião do imbróglio, passado à história com Guerra da Lagosta, 1962. Somente em 1979, o embaixador brasileiro, por ocasião do episódio, revelou ter sido o autor, durante conversa com jornalistas num evento social. O jornalista relatou a conversa, por telex, ao jornal no Rio. A direção do jornal, por sua vez, colocou as palavras na boca do presidente, para envenenar ainda mais o que parecia levar o país a uma guerra de fato.
Atualmente, estamos em guerra, a guerra contra o coronavírus. Assim sendo, os fatos confirmam o dito popular: “em tempo de guerra, mentira é como terra”.