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Ponto de Vista do Batista
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Estamos todos no mesmo barco XXVIII

Enquanto sofrimentos diversificados, decorrentes da COVID-19, surgem ou continuam a afetar a vida de milhões de pessoas, outros fatos não deixam de acontecer só porque as atenções estão voltadas para pandemia. Se, de um lado, há lágrimas, no outro pode não haver sorrisos, mas pode haver a decisões e atitudes, no sentido de abrir melhores caminhos, a trilhar daqui para frente. O ser humano não é de natureza má, como alguns acreditam, talvez até para justificar eventual má vontade na prática da solidariedade. O mal pontual praticado dentro da sociedade humana é que tende a ser mais visível, mais ouvido, mais sentido que o restante das ações emanadas da coletividade. A verdade é que o mal faz mais barulho; daí a impressão de ser maior e que a tudo domina! Na atual pandemia, cujo foco (o novo coronavirus) não se conhece bem, os que o combatem se viram como podem e no silêncio, estão em busca de bons resultados para os pacientes, não dispensando toda e qualquer chance de obter mais conhecimentos e técnicas em favor da vida. 
Quando tudo isso for passado e constado nos registros da História, saber-se-á o que, por hora, se conserva no silêncio e anonimato, como acontece com muitos segredos da Segunda Guerra Mundial, revelados no momento. Conforme já dito, outros fatos não deixam de acontecer, só porque as atenções se concentram na pandemia. 
Joalheiro, em pequena cidade do interior do Brasil, percebeu que garoto, cerca de 10 anos de idade, olhava as vitrines, de longe, com muito interesse. Ao seu chamado, o garoto que portava um banco portátil de engraxate, entrou. Indagado sobre o que desejava, o garoto respondeu que queria comprar um presente para o seu pai no Dia dos Pais. Já havia escolhido um relógio de trinta reais, e, para a aquisição ele juntara a quantia, trabalhando como engraxate. O comerciante, que já tinha sido engraxate, na infância, efetuou a transação comercial com o garoto, mas, em seguida, devolveu o dinheiro, dizendo que o relógio seria o presente do filho ao pai e o dinheiro era presente que ele, comerciante, lhe fazia. O comerciante ficara comovido com a atitude do garoto. Como a loja é dotada de sistema de câmeras de vigilância, o comerciante editou as imagens e postou na internet. Em pouco tempo, o assunto correu o mundo e, dos Estados Unidos, empresário brasileiro se interessou pela história e quis conhecer o garoto, o que não demorou a acontecer por meio de smartphone. Conhecida a família e as condições precárias em que vive, o empresário mobilizou sua rede de amigos, no Brasil, para que mais qualidade de vida chegue àquele grupo familiar, sob a forma de alimentos, roupas, móveis e eletrodomésticos, faltantes na casa. O gesto amoroso do garoto de 10 anos, que frequenta regularmente a escola, expandiu-se e alcançou círculos distantes do daquela família, que não tinha nem colchão onde dormir. A corrente formada em torno daquele garoto, já ampara outros como ele e promete não ficar só nisso. 
Mas para ser tal qual nos contos de fada, falta o dragão! Falta no relato até aqui, porque, de fato, ele se fez presente e atuou! Algum espírito-de-porco denunciou o fato! Por isso o empresário foi notificado pelo Ministério Público, que ainda o fez assinar um Termo de Ajuste de Conduta. Segundo a autoridade, que evoca a lei, o empresário estaria a fazer apologia ao trabalho infantil. 
É muito engraçado este país, grande, bobo e irresponsável, onde o menor de idade não pode trabalhar, mas “pode” traficar drogas, roubar, matar, estuprar, sem ser punido; e, a partir dos 16 anos pode eleger até o presidente da República! Não se conhece narcotraficante, que tenha sido notificado por usar crianças em suas atividades criminosas, assim como não são conhecidos ladrões e assassinos adultos, que se escondem atrás da impunidade legal da infância parceira em crimes, nem pais que descuidam dos filhos, deixando-os nas mãos da criminalidade e ainda usufruem dos resultados dela.  Contudo, se a visão da lei e do Ministério Público contraria a opinião pública, ao mesmo tempo, é coerente com a decisão do STF de proibir ações policiais nos redutos explícitos da criminalidade e com a de libertar, pela Justiça, presidiários de alta periculosidade, em razão da pandemia. O povo é sempre vítima!

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