Entre os muitos problemas comuns enfrentados pela espécie humana, junte-se agora a possibilidade de nova pandemia, configurada sob a ameaça do coronavírus que se manifestou, primeiramente, na China, final do ano passado. Diz-se pandemia quando uma epidemia de origem infecciosa sai do controle e atinge todo um continente, todo o mundo ou boa parte dele.
Coronavirus, na verdade, é o nome de um grupo de vírus, entre os quais destaca-se este que está a assustar o mundo. Entre seus coirmãos há os que causam simples gripe ou coriza (corrimento do nariz), mas há outros mais perigosos e letais. O grupo desses microrganismos é como uma boiada. A maioria dos bois pode ser pacífica, mas não se descarta a presença de um ou dois entre eles, que não admitem ser humano à sua frente, sem fazer valer a utilidade de seus chifres! Diz-se que nos menores vidros estão os mais potentes venenos. Nesta comparação entre microrganismos e bois, pode-se ver a pressuposta verdade: os primeiros, minúsculos e invisíveis aos olhos, são mais perigosos ao ser humano. Todo mundo sabe como escapar de um touro selvagem, robusto, valente e furioso mas, e de um vírus invisível, desconhecido e mortal? Daí a preocupação das lideranças mundiais, tanto políticas quanto médico-científicas no que toca ao controle imediato da situação, antes que o perigo se espalhe pelo mundo, vindo a dizimar parte da população. O perigo é real!
Com todos os cuidados tomados pelas autoridades chinesas, a doença que, a grosso modo, assemelha-se a grave pneumonia, acrescida de insuficiência respiratória, podendo ocorrer ainda insuficiência renal, já teria causado quase um milhar de mortes na China, quando se redigia este texto. A situação é tão séria que, lá, já foram construídos dois hospitais especiais, mil leitos cada um, num prazo recorde (nada do récorde global, que é um vírus linguístico) de dez dias.
Não é a primeira vez que o mundo se vê às voltas com doença infectocontagiosa tão perigosa, mas, talvez esta seja a mais preocupante, porque assim como bandidos se aperfeiçoam no crime, à medida que a polícia se aprimora no seu combate, também os vírus mudam sua maneira de agir, à medida que surgem novos medicamentos. Outro fator a aumentar o perigo é a interação humana mais dinâmica, no tempo e espaço. Deixando de lado outros casos de pandemia ocorridos, desde o século dezesseis, registram-se diversas pandemias, entre quais destacam-se a Gripe Espanhola (1918) que, segundo estatísticas, atingiu metade da população mundial e matou quarenta milhões de pessoas; Gripe Asiática (1957) atingiu todo o mundo e também matou, não tanto quanto a “Espanhola”, especialmente pessoas menos resistentes a gripes; Em 1968, foi a vez da Gripe de Hong Kong que, só na China infectou cerca de quinhentas mil pessoas. Da parte científica, no momento, o problema maior é conhecer, de fato, o microrganismo, detectar suas fraquezas para então se criar a vacina que o combata. Da parte da população é a autoimunidade, na maioria das vezes, combalida no indivíduo, ou melhor, sem a força necessária para combater o vírus.
Sabe-se que o melhor tratamento para esses tipos de moléstia é o preventivo, que se consegue mediante ritmo de vida regular, alimentação saudável com reforço em verduras, legumes e frutas. O tratamento curativo é uma incógnita, ainda que haja a vacina adequada, pois outros fatores de saúde podem nele interferir. Contudo, se o perigo está à porta, cabe à população, indivíduo por indivíduo, seguir as orientações das autoridades, porque que é responsabilidade delas determinar o que deve ser feito, quando a saúde pública está em risco.
Num plano maior, este é um momento que pode ser uma espécie de indução à solidariedade e cooperação entre as nações, incluindo-se as mais pobres e vulneráveis, cujo sofrimento é maior em qualquer situação vigente no mundo. Doença, ao se espalhar, não escolhe o indivíduo pela cor ou grupo étnico, pelo credo professado, pelo partido político ou pela ideologia; não quer saber se é novo ou velho, rico ou pobre, sábio ou ignorante, bonito ou feio, feliz ou infeliz. Se não houver os devidos cuidados, ela pega mesmo! Por isso, dos governantes cobra-se juízo e responsabilidade nas decisões, em seus domínios e na área internacional, deixando de lado diferenças de qualquer natureza, tudo em prol da saúde pública e da segurança dos cidadãos. Não é momento para questiúnculas, que devem ser relevadas em favor das prioridades para que o número de vítimas não vá muito além do alcançado.
Juízo gente, pois estamos todos no mesmo barco!