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Ponto de Vista do Batista
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Estamos todos no mesmo barco III

Dispersos no ar os eflúvios das comemorações e apagados os fogos coloridos da pirotecnia, em 31 de dezembro de 2019, contraste às manifestações de feliz e próspero Ano Novo manifestou-se com a notícia de que desconhecida e temível doença poderia se alastrar para o mundo, a partir da China onde fora detectada. Desde então o mundo entrou em suspense; o setor médico-científico em busca de solução e as populações em busca de proteção. Da condição de espectador, no primeiro momento, diante do que acontecia na China, em poucos dias o restante do mundo viu o perigo a se espalhar entre as populações indefesas, já que o mal tem como causa um novo vírus, totalmente desconhecido, embora pertencente a um grupo catalogado.
De repente, tudo mudou, em todos os quadrantes; dos mais pobres aos mais ricos países, todos se veem envolvidos numa verdadeira guerra que, se não tem tiros, bombardeios aéreos, ataques com foguetes e outros atos agressivos, não dispensa isolamento de países inteiros, perdas nas atividades produtivas, comerciais e socioculturais. Se não há sangue derramado em trincheiras, exige-se o sacrifício de cada cidadão(ã), que pode ser em trabalho redobrado, isolamento social, perda do emprego e de renda, perda nos negócios, perda em lazer e em qualidade de vida. Nem se fale das vítimas nos hospitais, muitas quais não sobrevivem, sem se esquecer das compelidas à quarentena, separadas até dos mais queridos. Em menor ou maior grau, o sofrimento atinge a todos!
Contudo, considerando-se que em cada fato pode haver um propósito oculto, há que ter atenção para o desdobramento da crise, a atingir toda a espécie humana, a partir da maneira como o perigo é enfrentado. Grandes dificuldades agilizam o despertar do processo criativo, ou, grandes crises podem ser prenúncio de grandes oportunidades. Embora indesejados e repudiados, observa-se um surto de criatividade e inventividade durante os grandes conflitos armados, devido à necessidade de vencer dificuldades. Há até mesmo um dito popular que exprime bastante bem a situação: “a necessidade faz o sapo pular”.
Portanto, a atual paralização do mundo deverá, também, manifestar seu lado bom. Uma das boas consequências, espera-se, estará em a humanidade, como espécie, assumir nova mentalidade, promovendo mais aproximação entre os povos com consequente quebra de barreiras, que hoje realçam e promovem diferenças, base de sustentação da miséria e de constantes conflitos. Com a mudança de mentalidade, a consciência política poderá evoluir a patamar mais elevado, se não espontaneamente a partir das próprias forças políticas, certamente pela pressão dos povos, que não mais confiam nos sistemas vigentes. Antes de quarentena, este intervalo é uma pausa para meditação, para um exame de consciência e autoavaliação da conduta individual e de toda a humanidade!
Vencida a guerra, a primeira que se espera ter a humanidade como única vencedora, e restabelecida a normalidade, o mundo poderá estar combalido, economicamente, é verdade, mas estará revigorado espiritualmente e pronto para um recomeço, em outro nível. Definitivamente, depois desta pandemia, o mundo poderá ser outro!
A primeira condição, para que se possa suportar e vencer esta crise, é serenidade, nada de pânico, seguida de mais disciplina, muita atenção e cuidados para se evitar o contágio. O sucesso depende mais de cada indivíduo, em sua obediência às recomendações das autoridades sanitárias e respeito ao trabalho daqueles na linha de frente do combate à doença.
Pena é que enquanto profissionais da saúde, sob o suporte de outros setores, se desdobram na contenção do perigo, na assistência aos doentes, e população se enclausura como forma de colaboração, alguns da escória social tentam obter lucros sobre a desgraça alheia. São do mesmo tipo que, por ocasião dos flagelos, roubam ou desviam doações populares destinadas às vítimas, não se importando com o sofrimento alheio. Os oportunistas do momento, se não roubam diretamente, abusam no aumento de preço de produtos essenciais à proteção de pessoas, ou os falsificam em proveito próprio. Esse comportamento antissocial merece punição severa, observando-se ainda que a falsificação de material destinado ao combate da doença, durante a pandemia, deveria ser caracterizada na legislação como crime contra a humanidade. E se estamos numa espécie de guerra, que fosse considerado crime de guerra. Essas pessoas estão na contramão da batalha travada pela espécie humana.

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