O vaso sanitário, como conhecido, talvez seja a invenção mais significativa dentro do conceito de civilização, mais que todas conquistas posteriores, pois é ele que nos afasta da barbárie, ainda que a violência dela nos aproxime muitas vezes. Por essa razão, esperava-se que sua reinvenção, aperfeiçoando-se suas funções higiênico-sanitárias, despertasse mais atenção da mídia. Mas, não foi isso que aconteceu. O novo vaso sanitário foi divulgado como coisa banal, sem qualquer importância para a humanidade quando, na verdade, ele poderá dar outra direção para as condições sanitárias do mundo. O saneamento básico ficará mais barato, poderá ser levado a todas as moradias e deverá ter menos má vontade política sobre si como obra enterrada e fora do campo visual do público. O lado perverso da questão é que a indústria do saneamento poderá ser reduzida ao mínimo.
De sua industrialização e aplicação pelo poder público, ações desejadas e, desde já, exigidas pelo bom senso, pode-se esperar o fim do esgoto a céu aberto, fossas precárias e toda sorte de inconveniências que agridem a saúde humana e provocam tantas mortes prematuras, em todo o mundo. Por fazer o saneamento na raiz, no início do problema, dispensando-se rede e estação de tratamento de esgotos, poderá haver grande economia de recursos, mas o maior benefício poderá ser acarretado ao meio ambiente, onde não existe o tratamento e os dejetos são, diretamente, lançados em cursos d’água. Mas, como já foi dito, parece que o fato contraria muitos interesses, o que determina seu esquecimento ou varrição para debaixo do tapete. Nem a fama do Bill Gates foi capaz de sensibilizar profissionais na divulgação do fato. Até, no Google, onde quase tudo está registrado, é difícil encontrar notícia sobre o assunto, exceto com relação ao anúncio do Bill Gates, que teria determinado pesquisas para a “reinvenção” do vaso sanitário.
Quanto ao lançamento, em evento na China, há que pesquisar em inglês, para se encontrar alguma coisa! Ainda na área de higiene e limpeza, pode-se esperar outra grande revolução para dentro de alguns anos, se persistirem as tendências atuais. Ainda de forma incipiente, sob a iniciativa de alguns, a reciclagem promete se transformar num grande ramo industrial, para o qual nada se perderá, porém tudo se transformará. A pressão pela máxima preservação da natureza e dos seus recursos, de um lado, e a imperiosa e mais racional destinação do lixo produzido, de outro, determinarão o reaproveitamento ou reciclagem de todo material rejeitado. Na prática, será o fim do lixo, assim hoje conhecido, ou sua redução ao mínimo. Dá para perceber que a consequência imediata poderá ser o desmantelamento da estrutura de limpeza pública nas administrações municipais; isso porque, sendo o material descartado a matéria prima da indústria da reciclagem, caberá a esta a coleta do hoje considerado lixo, produzido nas residências e nas vias públicas.
Forçosamente, haverá uma inversão na remuneração em torno do destino de todo o material, pois ao invés de receber da administração pública, como hoje ocorre com as empresas terceirizadas da limpeza urbana, as futuras empresas pagarão à administração pública; sem emprego de dinheiro, para reduzir as chances de corrupção. Mediante contrato em que não entrará dinheiro, as empresas do setor pagarão pelo material recolhido (incluindo-se entulho) com prestação de serviço, na manutenção da limpeza das vias públicas, limpeza dos cursos d’água no perímetro urbano, manutenção de jardins e poda de árvores. O descarte de materiais específicos, como os eletro e eletrônicos, por exemplo, poderá ser feito por livre acordo entre descartador e empresa recolhedora. Considerando-se que a indústria da reciclagem muito necessitará de matéria prima, dela se poderá esperar o máximo empenho na manutenção da limpeza dos núcleos urbanos. Se assim realizar-se, o poder público se livrará de uma grande responsabilidade, economizará recursos, enquanto os cidadãos terão suas residências em localidades mais aprazíveis, mais limpas.