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Ponto de Vista do Batista
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Reflexões que o povo brasileiro deve fazer XXIV

Longe de dar solução à falta d’água para a população nordestina, o que a transposição do Rio São Francisco fez foi aprofundar uma triste divisão entre elas: uma parte abastecida e outra desabastecida. As águas do Rio São Francisco estão a suprir populações urbanas e empreendimentos agrícolas de certo porte, em detrimento da população mais miserável e do pequeno agricultor ou de autossustento, não foram beneficiados, mesmo porque a maior parte desses produtores está longe do alcance do sistema. Portanto, a tal transposição não foi solução, mas enganação; mais uma, desta vez com efeitos especiais, para impressionar a plateia.
Sob um sistema político, dominado por partidos, o que prevalece é a vontade daquele que detém o poder no momento, sempre sob a máscara de que representa a vontade do povo. Por culpa do próprio sistema, o povo, formado em sua maioria por cidadãos(ãs) mal instruídos, sem opinião própria, aceita tudo e se submete à vontade manipuladora dos que se situam acima na pirâmide político-governamental, formada e dominada por partidos. A falta d’água no nordeste brasileiro já poderia ter sido solucionada, se houvesse, de fato, vontade política voltada para as necessidades da população.
Sem alteração ou transposição de qualquer curso fluvial, toda a Região Nordeste, poderia ser abastecida com água do Rio Amazonas. A água, em volume muito maior, poderia ser captada na foz do rio e levada até a costa do nordeste por meio de tubulões submarinos, de onde seria distribuída para alimentar leitos de rios temporários. Engenharia e tecnologia estão aí para isso! Exequível é, pois se não o fosse, um engenheiro francês não teria apresentado a mesma ideia para levar água à África! O fato é que, se essas necessidades fossem atendidas, faltaria como alimentar campanhas eleitorais no futuro; isso não convém aos partidos políticos. A coisa é, mais ou menos, como naquela anedota do pai e filho; o primeiro, aposentado e velho “rapozão” na advocacia, o segundo, jovem e ingênuo iniciante, que passa a conduzir a banca que fora do pai. Certo dia, nos primeiros meses de sua atividade, ao retornar do escritório, o jovem advogado chega ao pai e diz: – pai, sabe daquela causa que o senhor tocou por longos anos e não conseguiu dar uma solução? Eu a conclui com sucesso. – Ao que respondeu o velho advogado: – Porque você é burro! Foi com ela que eu custeei seus estudos!
Assim também, os políticos, de dentro de seu respectivo curral, manipulam a vontade do povo e sustentam suas mais agudas carências, em favor dos interesses eleitoreiros. E o povo ainda bate palmas! Nas campanhas eleitorais, as pessoas se ofendem, se agridem em defesa deste ou daquele candidato, enquanto ele, o candidato, tem na língua o que esperam os eleitores, e, tem na cabeça o que espera dele o respectivo partido. A dita representatividade dos partidos, mantida pelo sistema, é apenas teórica, pois não se sustenta na opinião pública! Em pesquisas anteriores às grandes manifestações populares, quando faixas ostentavam e o povo gritava que “o povo unido não precisa de partido”, apurou-se que 45% das pessoas consultadas declaravam apoiar uma democracia sem partidos. Imagine-se o percentual dessa faixa depois de toda a lama extraída pela “operação Lava Jato”! O que dá sustentação à existência dos partidos é o espírito corporativista entre os políticos, pois ainda que separados por siglas, no fundo todos pensam o mesmo em relação ao poder; todos têm em mente a continuidade, em razão dos privilégios que o sistema lhes concede. Se os partidos lhes dão cobertura, mesmo diante de flagrante desrespeito à lei, fica clara a conveniência de os ter no sistema, fingindo-se de mortos os políticos quanto aos clamores da sociedade por uma democracia verdadeira.
Conclui-se, então, que os partidos políticos não existem para sustentar a democracia, porém nela se apoiam para levar avante seus propósitos de crescimento e poder, em todos os sentidos, não lhes importando a coletividade, mais dividida a cada partido criado, gerando paixões exacerbadas entre as várias facções em disputa. Embora digam o contrário, todos os partidos portam, latente, o vírus do autoritarismo, que pode se manifestar tão logo lhe surja oportunidade, em momento conveniente. Veja-se, por exemplo, se não foi autoritarismo a interpretação distorcida dada pelo TSE, a pedido do poder político, ao Art. 224 do Código Eleitoral que diz: — “Se a nulidade atingir a mais de metade dos votos do país nas eleições presidenciais, do Estado nas eleições federais e estaduais ou do município nas eleições municipais, julgar-se-ão prejudicadas as demais votações e o Tribunal marcará dia para nova eleição dentro do prazo de 20 (vinte) a 40 (quarenta) dias.” — isso depois de vigente por 41 anos!

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