Depois de tudo que já se disse, até aqui, cada cidadão (ã) leitor(a) deve voltar seu pensamento para o seguinte: no embalo das novas tecnologias que surgem e se expandem, tudo tem se transformado e, de forma geral, mais comodidade e facilidade se nos são oferecidas. Ao mesmo tempo, o mundo passa a ser visto de outra forma, novas maneiras vão surgindo no desenvolvimento de todas as atividades humanas.
Veja-se o comércio, por exemplo, a atividade mais próxima e mais necessária ao cidadão no convívio da coletividade. O consumidor deixou de ser elemento passivo, aquele que simplesmente compra e vai embora; dentro de todo um processo do qual, além de consideradas suas aspirações e desejos, ele passa a ser importante e determinante. Nada mais é como era há dez, vinte, trinta cinquenta anos. Agora, que cada um pense bem. O que mudou com relação ao cidadão dentro do processo político, no regime, dito, havido e louvado como democrático? Nos últimos sessenta anos mudou a forma de votar, do sistema “marmita” (envelope recheado de cédulas individuais) para o sistema de cédula única e, mais recentemente, para a urna eletrônica; mudou também a forma de fazer campanha, desde os monumentais comícios até as redes sociais na internet. Quanto ao comportamento dos candidatos, em campanha, também pouca coisa mudou, pois continuam a mentir e fazer promessas vazias, do mesmo jeito. Diplomados e empossados, fazem tudo (quando fazem) ao contrário do prometido.
O eleitor (povo) que, de acordo com o conceito de democracia, exerceria a soberania, deteria o poder, nunca passou de joguete nas mãos de políticos e respectivos partidos. O cidadão, homem ou mulher, dentro do processo político só tem a obrigação de votar, escolhendo, livremente (aí, sim) e em privacidade, dentre candidatos que compõem o “prato feito”, apresentado pelos partidos. O direito do eleitor limita-se a aquele momento, diante da urna eletrônica; mais nada!
Como já foi dito, liberdade de expressão, imprensa livre (há controvérsias), liberdade de locomoção (ir e vir), liberdade de empreender, são acessórios democráticos e não constituem a essência da democracia. Em teoria, seriam autoconcedidos pelo povo no exercício da soberania. Como a verdade é bem outra, esses acessórios são liberados pelo sistema como forma de enganar e, infelizmente, isso tem funcionado, aqui e em qualquer parte do mundo dito democrático. Se o povo estivesse no exercício da soberania, o presidente da República, em seus últimos dias de mandato, não teria cometido o atentado ao mesmo povo, consubstanciado no reajuste dos subsídios aos ministros dos tribunais superiores, sabendo-se que isso provocará efeito catastrófico nas folhas de pagamento oficiais, em todo o país. O presidente assim se comportou porque, de fato, isso não é democracia! Registre-se, ainda, que mais de dois milhões de assinaturas foram colhidas online contra o tal aumento, mas o povo não tem vez no sistema.
Está na hora de dar uma vassourada nisso que aí está, eliminando os partidos, para que o Brasil tenha uma democracia aberta, na qual o povo exerça sua soberania, ainda que por meio de representantes como atualmente. Vozes contrárias já disseram que, sem partidos políticos, o país teria portas abertas para o autoritarismo, para o fascismo e outros ismos. Isso é conversa fiada dos que não querem mudanças, mas querem manter privilégios que o sistema lhes escancara. Pelo contrário, do embate truculento entre partidos é que pode surgir alguma figura dominadora e com sede de poder! E não se propõe a eliminação pura e simples dos partidos! Há que ter uma estrutura autossustentável com base no próprio eleitorado, ao qual, em lugar dos partidos, passarão os agentes políticos responder; a vontade política estará com o povo e não mais com partidos ou quaisquer outros grupos. No passado, quando não havia outra opção para o povo, o açambarcamento do poder pelos partidos políticos podia ser feito sem questionamentos, mas, na atualidade, meios proporcionados por novas tecnologias colocam o povo em condições de reclamar e assumir o que é seu direito, dentro do verdadeiro regime democrático.
Está na hora, pois, de o povo assumir seu verdadeiro papel no regime democrático, valendo-se dos recursos que a inteligência humana proporciona. De forma ordeira, sem contrariar os princípios democráticos aqui defendidos, o povo deve organizar-se, discutir e exigir as mudanças necessárias, para que se estabeleça a verdadeira democracia, sem o atropelo dos partidos políticos que, além de não representarem o povo, funcionam como abrigos da corrupção.
PARTIDOS POLÍTICOS JÁ FIZERAM MAL DEMAIS À HUMANIDADE!