Por Valdete Braga
Uma amiga perguntou-me, muito chateada, porque as pessoas que consideramos são as que mais nos decepcionam. Disse a ela que a resposta estava na própria pergunta, ou seja, é exatamente porque nos importamos com elas.
Quantas vezes sofremos injustiças, ou ficamos sabendo que alguém falou algo a nosso respeito, às vezes inverdades, por motivos dos mais variados? Dependendo de onde vem a ofensa ou a mentira, não nos abalamos, porque não temos nenhuma ligação emocional com o ofensor, e no caso de fofoca é muito pior a sensação por quem acreditou do que por quem disse.
Se alguém fala algo de você para um amigo e ele acredita na mentira, sua mágoa vai para o amigo e não para quem falou.
Muitas vezes, como no caso da pessoa que me perguntou, nem interessa quem disse a mentira, a decepção dela foi pelo fato de alguém que ela pensava que nutria por ela um carinho durante anos, ter acreditado em algo que ela não fez.
Após algum tempo, disse ela, tudo ficou esclarecido, mas o cristal quando quebra não pode mais ser emendado. Daí veio a pergunta: por que a decepção vem de quem gostamos? Talvez pelo fato de deixarmos de gostar. Quando a confiança acaba, acaba tudo. Quem ama acredita, protege, cuida.
Antes de ir acreditando no que fulano ou sicrano falou de você, o mínimo que você deve fazer é procurar a pessoa para saber o que está acontecendo.
Quando o sentimento é real, seja ele amor, amizade, carinho, não embarca tão fácil em canoa furada. Com o tempo, a gente vai aprendendo a conhecer os sinais, a separar o joio do trigo e a não se deixar levar facilmente, mas ainda assim podemos nos enganar.
Foi o que aconteceu com a minha amiga. Ela não esperava, e por isso se decepcionou. Não se decepcionou com quem inventou mentiras sobre ela, mas com quem acreditou, porque era nele que ela confiava.
O mundo anda tão conturbado, é tão difícil confiar verdadeiramente em alguém, que quando acontece devemos preservar este sentimento e não nos deixarmos levar por comentários maldosos ou pelo que alguém disse, sem dar ao outro o direito de se explicar. Quem faz isso demonstra que não merece o sentimento que lhe é dedicado.
Ninguém é obrigado a corresponder ao sentimento de ninguém, mas quando diz que é assim, que seja, então.
Quem realmente gosta não decepciona. Errar todos erramos, mas é preciso saber filtrar o que nos chega aos ouvidos, e principalmente ter discernimento para avaliar a situação. Caso contrário, a perda pode ser irreparável.
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