Por Valdete Braga
Um pensamento recorrente a várias pessoas transformou-se em uma frase. A frase, inicialmente só falada, com as redes sociais, passou a ser escrita, e como rede social é uma constante repetição de ideias, ela acabou se tornando uma espécie de mantra, que surge sempre nesta época do ano.
Resumidamente, o pensamento/frase seria “O Natal perde a graça (ou o sentido) quando a família não está mais toda à mesa). Quem nunca ouviu ou leu este pensamento, em várias versões? Todos já vimos esta ideia em algum lugar, e, com certeza, muitos de nós também já nos coadunamos com ela.
Não há como discordar que celebrar o Natal com a falta de um, ou dois, ou três familiares não é a mesma coisa e jamais será, e quando a partida aconteceu próximo à data é mais triste ainda e a saudade dói em dobro. As lembranças afloram, cada detalhe adquire uma importância ainda maior do que já tem naturalmente, e consequentemente o sofrimento também aumenta. Isto é natural, somos humanos e não há como evitar.
Invariavelmente, todos nós já passamos, estamos passando ou passaremos por esta situação, pois ao mesmo tempo que temos a eternidade em nós, não somos eternos no tempo presente. Assim como todos aqui chegamos, todos daqui também partiremos, nesta nossa passagem pelo planeta Terra.
Saber disto não minimiza a dor da partida, claro, dor que aumenta em datas específicas, sendo o Natal a mais específica delas, por nele celebrarmos, entre outros, o sentido de família.
A dor e a saudade são inevitáveis e compreensíveis, mas precisamos nos esforçarmos para não entrarmos na sintonia de “o Natal perdeu a graça”. Não devemos, mesmo nos sentindo tristes, transportar esta tristeza para a data em si.
Natal não combina com tristeza. O dia remete a esperança, solidariedade, amor e Fé. Não pode ser triste a data representativa do maior acontecimento da humanidade, não cabe tristeza no dia de comemorarmos o mais sublime ato de amor, que é o nascimento de Jesus entre nós.
Sim, há dores que não conseguimos evitar e se não as sentíssemos é que haveria algo errado conosco, A mesa da ceia de Natal sem um pai, uma mãe, um irmão ou um filho, indubitavelmente não é mesma., nem nunca será. A falta da cadeira, o espaço que não está preenchido, tudo remete à saudade pelo inevitável, mas esforcemo-nos para entender que a tristeza é nossa, e não do dia. Natal é sempre Natal, e não há melhor data para renovarmos nossas esperanças.
Aos que estiverem à mesa e aos que não tiverem mais nela a sua cadeira, aos familiares, amigos e colegas, deste e do outro Plano, que tenhamos todos um Feliz Natal.