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Diferentes graus de evolução

Valdete Braga
É comum, dentro de um contexto de justificativa por algum erro cometido, a frase “somos seres humanos”. Na maioria dos casos, a justificativa é válida, pois o ser humano ainda é muito falho, e assim todos nós cometemos erros, alguns mais graves, outros menos.
Obviamente, a justificativa valida erros, maiores ou menores, e não crimes. Crime é outra coisa, e quando criminosos se justificam dizendo “cometi um erro” não há que se aceitar.  Crimes não são erros e por isto existe o poder judiciário, que permite a todos o direito de defesa. Após julgamento e provada a culpa que tipifica o crime, não há justificativas.
Em caso de cometimento de erro, é diferente. Nesta situação, a frase se justifica, pois como seres humanos somos, sim, passíveis de erro, mas há que se pensar: se todos somos seres humanos, por que existem pessoas tão diferentes? Por que há quem enfrente tantas adversidades e continue uma pessoa meiga, enquanto outros se utilizam dos problemas enfrentados para se tornarem amargos e de mal com o mundo?
Talvez seja mais correto dizer que estamos ainda nos humanizando, em diferentes graus de humanização. Uns estão mais próximos, outros menos, e assim seguimos caminhando, em busca da humanidade completa.
O grau de humanidade de cada um está intrinsecamente ligado ao seu grau de evolução. Somos seres racionais, predispostos ao aprendizado e dotados de livre arbítrio. Cabe a cada um a forma de usar este livre arbítrio, e é como o usamos que vai definir o nosso grau de evolução.
Podemos seguir repetindo erros e os justificando, ou tentarmos nos utilizar deles para melhorar. Cabe a cada um a opção de insistir na justificativa do direito de errar por ser humano, ou reconhecer o erro e se esforçar por não o cometer novamente. O livre arbítrio é que vai determinar isto, e consequentemente determinar quem somos.
A frase em questão, utilizada para justificar um erro, não deveria ser vista como argumento e sim como entendimento de que, mesmo tendo o direito de errar por sermos humanos, é também por sermos humanos que devemos procurar não errar mais. Outros erros serão cometidos, e isto é natural dentro da nossa condição de humanidade incompleta, mas que cada novo erro seja impulso para novo aprendizado, e não para nova justificativa.
Por que não conseguimos aprender? Por que continuamos falhos, se como seres humanos, errar é uma justificativa?
Talvez ainda não estejamos prontos, talvez estejamos ainda em aprendizado, como seres racionais, em busca da humanidade. É verdade que erramos por sermos humanos, mas quanto mais evoluirmos em nossa humanidade, menos erraremos.

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