Valdete Braga
Há pouco tempo, falei, aqui mesmo nesta coluna, sobre o problema seríssimo enfrentado em nossa cidade, que são cães soltos, atacando moradores de vários bairros e centro. Fala-se muito sobre cães de grande porte avançando em motociclistas, mas a questão vai muito mais além. Alguns deles, além de motociclistas, atacam também transeuntes, entre eles crianças voltando da escola e idosos.
Existem pessoas equivocadas, que, não obstante a intenção seja boa, agravam a situação, alimentando estes cães, com a ideia errônea de que “cuidar” de um animal é só dar comida e água. Acham que estão “adotando” e que ser “tutor” é só colocar alimento para os cães, muitos (a maioria deles) de grande porte. Não pensam que o animal precisa de cuidados além disto, como vacinas, banho (alguns deles cheio de pulgas e carrapatos, aumentando mais ainda o perigo para si e para os outros), tosa, etc.
Mais além ainda, com tantos casos de dengue na cidade, deixam vasilhas de água sem trocar por dias, e acham que estão fazendo algo bom. Falta orientação, falta entendimento, e pior, falta interesse do poder público em resolver a questão. “Não temos canil” não pode ser argumento de pessoas responsáveis pela demanda, existem vidas em risco, será que não se importam?
Falar “vidas em risco” não é exagero, assistimos horrorizados, no mês passado, a história da escritora carioca Roseana Murray, que, após ataque de cães em Saquarema, teve um braço e orelha amputados. Será preciso algo deste porte acontecer aqui também, para que providências sejam tomadas? E se acontecer, quem se responsabilizará pela tragédia?
O nível de desconhecimento, junto ao de irresponsabilidade de quem “cuida” e se diz “tutor”, nestas condições, é tão grave como o de quem poderia tomar providências e não toma. Ninguém, em sã consciência, quer que se maltrate nenhum animal, ou quer que ele fique com fome, muito pelo contrário, a preocupação é com eles também. Por outro lado, não podemos nós, cidadãos, ficarmos à mercê de ataques deles, por mais que não tenham culpa. Só pedimos segurança.
Estes “tutores” que acham que estão “cuidando” deveriam pensar, inclusive, nos cães. Quer ser tutor? Adote, leve para a sua casa, dê além de comida, os cuidados necessários. Deixe-os bem cuidados em sua casa, sem correr riscos e nos colocar em risco, na rua.
Não tem espaço? Então não adote, não se torne “tutor” irresponsavelmente, procure ajudar de outra maneira. Uma delas é se juntar aos moradores responsáveis que tentam, em vão, uma solução para o problema.
Importante frisar que não cabe ao morador encontrar esta solução. A gente faz o que pode, mas não é nossa obrigação. Existe setor responsável para isto, e cabe a ele resolver.