Nylton Gomes Batista
Inegáveis as condições favoráveis ao escritor de hoje, se comparadas às do escritor do passado, não muito distante. Posso dizer isso, de cadeira, pois meu primeiro livro foi todo manuscrito, antes de ser datilografado (termo estranho à meninada, que não conheceu a máquina de escrever) e ser encaminhado para publicação. Ao invés de encarar a máquina, diretamente, como faziam outros, preferia a esferográfica, para rascunhar; pelo menos, não desperdicei tanto papel.
Antes do PC, a grande preocupação estava em não errar, quase impossível, ou reduzir erros ao mínimo razoável, para economia de tempo, redução do trabalho e menor desperdício de papel. Atualmente, quando não corrigidos, automaticamente, erros ortográficos podem ser sanados com alguns cliques, mediante recursos disponíveis no próprio PC. Quanto à gramática, é outra conversa porque, em alguns casos, o PC pode jogar quem escreve, no mato, com cachorro ou sem cachorro; com cachorro, se tiver conhecimento do detalhe, sem cachorro, se não tiver. Eventualmente, o PC critica uma situação gramatical, apontando outra cono correta, o que pode não ser verdade. No início, isso acontecia com mais frequência, porém, estão a se rarear mediante otimizações contínuas. Cabe a quem escreve ter a gramática em dia; na dúvida, há boas gramáticas disponíveis, na internet, outro recurso, do qual escritores antigos estavam desprovidos; valendo essa observação também para o caso dos dicionários, quando necessária uma consulta. Regis
Se produção de texto ficou mais fácil, sua publicação prosseguiu na mesma linha favorável. Falou-se da edição de livros pelos próprios autores, sem participação de editoras, representando isso a alforria do escritor diante do jugo de uma indústria implacável. Mas, não se trata somente do livro, edição mais complexo de um texto, pois uma simples frase conta com espaço para publicação, Antes da internet, em ocasiões especiais, Natal por exemplo, pessoas distribuíam pequenos poemas, sonetos e pensamentos, nas rodas de conversa. Atualmente, isso é feito, facilmente, nas redes sociais. Nada de mendigar espaço em jornais para publicação de artigos, crônicas, poemas, etc.
Qualquer pessoa pode ter um site ou blog, onde publicar o que escreve. Se não tiver ou não quiser espaço próprio, terceiros oferecem o espaço de que precisa. Na verdade, não é somente o escritor o beneficiário do avanço tecnológico. Toda a sociedade o é, desde que queira, que esteja preparada e se invista de responsabilidade, pois, em tudo há deveres, a serem cumpridos com relação aos direitos de terceiros.