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Exceção e regra se misturam

Por Valdete Braga
Para muitos, nos dias atuais, um simples “muito obrigado” a alguém que fez algo por nós, é visto como uma atitude especial, vinda de alguém diferente, incomum, uma coisa rara de se encontrar.
Tudo está tão estranho, tão “de cabeça para baixo” que as regras estão se tornando exceções, e vice-versa.
Entregar um objeto perdido ao dono, por exemplo, é atitude digna de aplausos, e em se tratando de dinheiro, ou objeto de valor, então, a pessoa passa a ser vista quase como um herói ou heroína.
Quantas vezes já vimos, nos meios de comunicação, casos de alguém que devolveu carteiras encontradas, ou cujo banco fez um depósito indevido na conta e foi devolver, entre outros, virarem manchetes, com direito a entrevista e grande repercussão?
Tais comportamentos, que deveriam ser vistos como habituais, passaram a ser, de uns tempos prá cá, uma coisa do outro mundo. O mesmo acontece com regras básicas de educação, como cumprimentos e agradecimentos. Chega a ser constrangedor ouvir “você é muito educada”, quando não fizemos nada mais do que o básico.
Chegar a um restaurante e dizer “bom dia” ao garçom, descer do ônibus e dizer “obrigada” ao motorista, sair de uma loja e se despedir dos atendentes, não é nada demais, mas em um mundo egoísta, onde as pessoas se tornam cada vez mais egocêntricas e incapazes de enxergar o outro, estas ações mais do que óbvias se transformam em uma grande dádiva.
Exceção e regra se misturam, e é preciso parcimônia para não confundirmos as coisas. Cumprimentar ou agradecer alguém não é nenhum favor, assim como ser educado é o mínimo que podemos fazer em uma sociedade organizada.
O ser humano está se tornando tão individualista, que quando se depara com ações voltadas ao próximo, se espanta. Aprendemos a cada dia mais a nos voltarmos para nós mesmos, mas também a cada dia mais, esse “olhar para si” vem sendo deturpado, confundido com olhar “só” para si. Muitos não entendem que é possível olhar para si sem ignorar o outro. Vivemos em sociedade, e como tal devemos agir.
Dentro deste individualismo, o egoísmo se instala, e o ser egoísta não enxerga a razão do outro. Voltado apenas para si mesmo, não vê motivo para ações voltadas a mais ninguém, e esta visão distorcida faz com que um simples “obrigada” se torne tão anormal.
Não é, não existe nada de anormal nisso, é simplesmente uma questão de educação, e educação não tem época. Ontem, hoje ou amanhã, ser educado sempre será a melhor opção. Sempre será regra, e não exceção.

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