Mauro Werkema
A duplicação das Rodovia dos Inconfidentes, a Br-356, já tem a construtora licitada, uma empreiteira portuguesa, que ofereceu lance de R$ 1.7 bilhão, recurso vindo do Acordo de Repactuação de Mariana de ressarcimento pelo desastre ambiental da Samarco. O projeto prevê duplicação em vários trechos, construção de terceiras vias, melhorias de acostamentos e a construção de um contorno viário em Cachoeira do Campo, com 7,3 km em pistas duplas. O contrato fala em um ano de obras, mas persistem indagações como a falta de divulgação de um efetivo cronograma de obras, o início efetivo da execução, se já existem os projetos completos de engenharia das obras, complexas e difíceis em vários pontos, e a convivência possível, durante as obras, com o os usuários da BR-356, já congestionada por elevado fluxo de veículos, carros, ônibus e os temerários e invasivos caminhões de minério.
Não há dúvida de que a notícia da licitação foi um passo importante e que renova a esperança de uma rodovia moderna e capaz de oferecer tranquilidade, segurança, redução de congestionamentos e da demora exaustiva que ocorre agora. E é justo esperar que a obra tenha sido entregue a uma empreiteira capacitada a realizá-la, e que apresenta várias complexidades, em especial na Serra de Itabirito. E que tenha capacidade operacional para cumprir os prazos conforme estipulado na oferta apresentada na licitação. É importante lembrar que a obra compreende a rodovia que se inicia em Nova Lima, onde está a ligação com a Br-040, até Mariana. Obras complementares, também com recursos da Repactuação, serão feitas até Rio Casca.
A operação da rodovia, após as obras, prevê dois pedágios, em Itabirito e em Ouro Preto e, certamente, a manutenção será dada por licitação a empresa especializada, como ocorre hoje com várias rodovias importantes. Mas persiste a dúvida quanto ao pedágio para pequenas viagens entre distritos. O que é necessário, importante, no momento, é que as Prefeituras, de Itabirito, Ouro Preto e Mariana, exerçam efetiva fiscalização das obras, o cumprimento do seu cronograma e o uso de faixas de trânsito liberadas para os usuários durante as intervenções. Além destes grandes municípios, a Br-356 atende a região densamente habitada, com cerca de 50 distritos e povoados, alguns com população elevada, além de abrigar instituições importantes que também demandam trânsito permanente de veículos. Não é operação fácil a exigir planejamento rigoroso e viável em que seja possível a convivência entre o trânsito rodoviário e as obras, tarefa nem sempre fácil.
A Br-356, implantada em 1952 pelo governador Juscelino Kubistchek, antiga, portanto, em vários trechos de seu percurso, é considerada como perigosa e lenta. Estatística do Dnit diz que em 2024 teve média de 50 acidentes por mês. E o volume de trânsito agravou-se extraordinariamente nos últimos dois anos em decorrência das demandas de suas cidades e ocupações ampliadas, gerando elevação do fluxo de veículos. Situação que se agravou ainda mais pelo uso da rodovia por caminhões transportadores de minério de ferro, pesados e lentos, causadores, que atuam sem fiscalização, apesar dos inúmeros protestos de usuários. É preciso também um plano de mobilidade urbana em todas as regiões da rodovia uma vez que atravessa territórios densamente povoados.
Se executadas no prazo previsto de um ano, é possível afirmar que a Região dos Inconfidentes será muito valorizada em todos os seus aspectos: atratividade turística ampliada, facilidade de acesso, valorização territorial, redução do tempo de viagem a partir de Belo Horizonte, maior segurança, valorização de alguns distritos que apresentam atrativos diversos. Valoriza-se, enfim, toda uma região e seus imensos atrativos turísticos, naturais e econômicos.
*Jornalista e historiador ([email protected])