Por Valdete Braga
Reza a lenda que um jovem aprendiz, com o desejo de se tornar um grande guerreiro, procurou seu mestre, em busca de conselhos.
O mestre lhe disse:
– Para alcançar seu desejo, primeiro você precisa travar uma batalha com seu medo.
O jovem não concordou, e argumentou com o mestre que esta era uma ideia assustadora e muito agressiva, mas o mestre insistiu e lhe deu as instruções necessárias, dizendo que o dia do enfrentamento chegaria logo.
O dia fatídico chegou e o medo se apresentou ao jovem aprendiz, que sentiu-se muito assustado. Ele se sentia pequeno, e o medo era enorme, imponente e poderoso.
Usava uma armadura assustadora e uma espada reluzente, que o fazia parecer ainda maior e mais perigoso.
Apesar de apavorado, o jovem se concentrou, respirou fundo, e foi em direção ao medo. Lembrou-se da recomendação do mestre e fez como ele indicou.
Caminhou até o medo, parou em sua frente e, mesmo com o coração aos pulos, procurou demonstrar tranquilidade e perguntou:
– Eu tenho sua permissão para lutar com você?
O medo respondeu:
– Obrigado por demonstrar respeito, pedindo permissão para me enfrentar.
Controlando o tremor na voz, o jovem perguntou:
– Como eu posso te vencer?
– A minha arma contra você é a minha capacidade de dominar sua mente e paralisar suas ações. Eu falo em seu ouvido e te deixo nervoso e sem tempo para pensar – respondeu o medo. E continuou:
– Falo rápido, de forma que você fica atordoado e não consegue raciocinar com lucidez, e assim você faz tudo o que eu digo. Se você não permitir que eu o domine e não der ouvidos ao que eu lhe mandar fazer, eu perco meu poder. Você até pode me ouvir, você deve me respeitar, mas se não permitir que eu domine a sua mente, eu deixo de ter o controle sobre você.
Assim, o jovem guerreiro aprendeu que o medo é inevitável em certas situações, e que não é possível fugir dele, mas que temos a opção de evitá-lo. Ele entendeu como combater o medo, respeitando-o, mas não o deixando dominá-lo.
Todos nos deparamos com o medo em algum momento da vida, em maior ou menor grau. Quando ele se apresentar a nós, o melhor a fazer é demonstrar respeito, mas não deixá-lo nos controlar.