Por Valdete Braga
Reza a lenda que, em tempos idos, havia uma entidade muito poderosa, que sonhava em dominar o mundo. O mundo era dividido em 100 reinos e a entidade arquitetou um plano para aprisionar seus governantes.
Um por um, conseguiu capturar 99 dos governantes, faltando apenas um para ser apanhado. A entidade trancafiou os dirigentes e partiu para aprisionar o último.
Quando chegou às portas do castelo do centésimo e último reino, o rei estava saindo para um encontro com seus ministros. Este último rei era conhecido por sua honestidade e bom trato com todos. Era muito amado pelos súditos e todos conheciam a sua fama de nunca mentir e cumprir todas as promessas que fazia.
Antes que subisse na carruagem, um transeunte parou o rei e disse que precisava muito falar com ele. Era o abade de um convento que ajudava os menos favorecidos e a quem o rei sempre fazia doações, que disse estar precisando de ajuda.
– Não posso atendê-lo agora, mas volte à noite ao palácio que lhe darei uma gema valiosa – disse o rei, e entrou na carruagem.
Assim que o abade se afastou, a entidade capturou o rei e levou-o para a cela, junto aos demais, e ao ver-se preso, o monarca entrou em desespero, de forma a chamar a atenção de todos.
– Por que tanto desespero? – Perguntou a entidade.
– É que eu assumi um compromisso e a pessoa vai procurar-me hoje à noite. Prometi-lhe algo e nunca faltei a uma promessa. Por favor, liberte-me apenas para que eu volte e possa atender a pessoa. Prometo que assim que resolver esta questão eu voltarei – respondeu o rei.
– Não acredito em você. Se o soltar, você vai reforçar a sua segurança e não voltará, ninguém faria isto.
– Pode confiar, se eu prometi voltar, eu voltarei, nunca deixo de cumprir uma promessa.
Impressionado pelo olhar do rei, a entidade libertou-o, e ele fez como havia dito. Voltou ao palácio, escolheu a gema mais preciosa e deu-a ao abade. Em seguida, voltou à prisão e apresentou-se à criatura, que, impressionada, refletiu:
– Nunca encontrei alguém que valorizasse tanto sua palavra, muito menos um rei com poder sobre todo um povo. Estou impressionado, queria dominar o mundo, mas vejo agora que ainda há esperança, com dirigentes como você. Você me fez refletir, vou libertá-lo.
– Liberte também os demais prisioneiros – pediu o rei,
– Vou atendê-lo. Espero que todos tenham aprendido, e eu também vou reconsiderar meus valores. Siga em paz e continue governando com sabedoria.
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