Ouro Preto é uma cidade naturalmente propensa a deslizes de terra. Em época de chuvas fortes, o perigo é iminente e a população fica assustada e apreensiva com o que possa acontecer, e quando chuvas intensas se prolongam, como aconteceu no ano passado e se repete agora, ficamos todos preocupados.
O trânsito, que já é difícil, fica caótico, devido às vias interditadas, e a locomoção a pé também se torna um transtorno.
Quem pode evitar sair e possui a benção de um lar seguro, evita as áreas de risco, que não são poucas, pela cidade, mas esta é apenas uma parcela da população. As pessoas precisam trabalhar, estudar, têm seus compromissos, pois a situação climática não pára a vida.
Estamos atravessando este momento caótico, e é inacreditável como tantas pessoas não se dão conta da gravidade da situação. Culpam a chuva, as autoridades, alguns culpam até Deus, mas optam pelo mais fácil, negando-se a colaborar. Querem chegar ao seu destino rápido, e para isto não respeitam sinalização, ignoram avisos, não entendem que a sua pressa pode ser fatal.
Realmente, é um grande transtorno precisar dar tantas voltas. Um caminho que normalmente seria feito em poucos minutos leva mais de uma hora, além do estresse pelo fluxo do trânsito, mas nada disto justifica o total desrespeito às leis.
Retiram faixas de proteção e dirigem seus automóveis pela rodovia interditada, transitam a pé por áreas impedidas (alguns levam celulares e ficam filmando ou tirando fotos), não se preocupam com a própria segurança nem com a segurança dos outros.
Acham que o tempo que vão ganhar descumprindo uma orientação não trará nenhum prejuízo, e não lhes passa pela cabeça que ao retirarem a faixa e entrarem na rodovia, podem ser vítimas de um asfalto que ceda, ou que ao se aproximarem para filmar uma área interditada, podem ser soterrados por um barranco que caia. Não entendem a gravidade dos seus atos.
Xingam, jogam a responsabilidade nos órgãos públicos, fazem previsões catastróficas, se revoltam contra a chuva, mas continuam se arriscando.
Nossas autoridades, em âmbito municipal, estadual e federal, precisam cumprir com o seu dever em defesa não apenas do patrimônio em risco, como também das pessoas, cujo risco é a própria vida, e nosso papel, como cidadãos, é cobrar delas.
Acontece que, para cobrarmos com propriedade, precisamos também fazer a nossa parte, e forçar passagem em locais interditados é o oposto disto, definitivamente.
O papel do poder público é cuidar e prevenir, o nosso é cobrar e colaborar. Ninguém quer que aconteça uma tragédia, mas caso aconteça, a menos culpada será a chuva.