Vivemos a era do egoísmo. Sob a égide de “sou como sou”, “não mudo por ninguém”, “este é o meu jeito”, as pessoas se tornam cada vez mais individualistas, egoístas e sem empatia.
Esta palavra “empatia” nunca foi tão usada nas redes sociais, apregoadas em textos, lives e entrevistas a canais de televisão, mas do outro lado da tela está em crescente desuso. É muito apregoada em público, mas em casa, no trabalho, com os pais, filhos, colegas, amigos, ela praticamente não existe.
Não se aceita mais opinião contrária, ninguém se preocupa em ouvir. Todos querem falar e se mostrar, mas não querem enxergar ou escutar.
Cada um existe só para si e que se dane quem estiver ao lado. “Eu sou assim”, mas não me importo com o que o outro é. “Não vou mudar por ninguém”, mas todos devem se adequar a mim. “Este é o meu jeito”, mas não importa o jeito do outro. Cada um vive em sua bolha, com a sua verdade que julga absoluta, exigindo que todos a aceitem, mas sem querer saber o que o outro pensa.
E assim seguimos em um mundo cada vez mais caótico e sem esperança. O egoísmo impera, e gente egoísta não é feliz. Precisamos uns dos outros, sem que por isto nos tornemos dependentes. Podemos, sim, sermos livres e mantermos nossa individualidade e nosso jeito de ser, respeitando e convivendo com a individualidade e o jeito de ser do nosso semelhante.
Até o tom de voz das pessoas mudou. Em nome de uma equivocada “transparência” fala-se aos gritos, agressivamente e com rispidez e o tom de voz mais baixo e o zelo em não ofender é confundido com subserviência.
Ser gentil não é ser servil e ser grosseiro não significa “personalidade forte”. Muitas vezes, aquele que fala baixo e educadamente é muito mais seguro do que quem vive gritando para se impor.
Acontece em todos os níveis. Filhos batem a porta na cara dos pais e eles justificam como o “jeito de ser” dele, casais brigam aos gritos, vão cada um para um lado e depois voltam achando normal, porque “os dois têm gênio forte”, aluno “peita” o professor por achar-se “muito seguro”, etc.
Jovens, após discussão com os pais, saem estressados de casa e voltam de madrugada, sem que os responsáveis sequer perguntem aonde foram, e quando chegam, “desestressados” estes responsáveis nem se lembram mais do que aconteceu, e adultos, por sua vez, permitem que seus filhos sejam criados pelo computador ou celular, muitas vezes para fugir da responsabilidade de educá-los, tudo isto em nome do “respeito ao seu jeito de ser”.
Em nome do “respeito à maneira de ser de cada um” ninguém se respeita mais. Partem para um extremo perigoso, porque o respeito à individualidade não pode esbarrar com o desrespeito ao ser humano.
Sejamos confiantes. Tenhamos amor-próprio e não nos deixemos levar pelos outros, mas façamos isto sem ultrapassar o limite da boa convivência.