Por Valdete Braga
Estamos sendo bombardeados por notícias tristes. Longe e perto de nós, verdadeiras tragédias acontecem, algumas por força da natureza, outras, pelas mãos humanas, o que as tornam ainda mais trágicas.
Nesta era virtual, quando as notícias chegam em tempo real via internet, os fatos tomam uma proporção ainda maior, e mais triste ainda do que os fatos, é a necessidade de algumas pessoas em correrem para “dar a notícia”, copiando links sem checar a fonte, ou mesmo postando fotos tiradas pelo próprio celular.
Pior: abaixo das postagens sensacionalistas, surgem os comentários mais sensacionalistas ainda. As pessoas usam as redes sociais como se estivessem conversando na cozinha de casa, como se fosse um assunto pessoal, com intimidade e suposto conhecimento de causa em temas muitas vezes delicados e dos quais acabaram de tomar conhecimento. Dizer “as pessoas” é uma generalização e não gosto de generalizar, mas a negatividade está se tornando tão mais forte do que as coisas boas, que generalizamos sem perceber.
Algo muito comum em redes sociais é chamar o outro de “lixo”. Absurdo dos absurdos uma pessoa chamar outra assim, muitas vezes sem sequer conhecê-la. Não dá para entender como o ser humano pode ser tão inconsequente a ponto de agredir tanto outro por uma frase, uma foto, uma postagem que lê. Mais do que inconsequente, é irresponsável e cruel.
A pessoa toma conhecimento de um fato cometido por outra através de um link ou uma foto. Não sabe de onde vem, quem começou o assunto e quem o espalhou, muitas vezes nem se preocupa em ler, e pelo título já começa a enxurrada de ofensas. “Lixo humano” está muito em moda. Triste modismo!
Ainda que o fato seja real, ninguém tem o direito de julgar. Mas, motivados por um computador, tablete ou celular, muitos não apenas julgam, como condenam, e só não executam a sentença porque ainda não descobriram como, e pelo ritmo que segue a tecnologia, só falta descobrirem uma forma para isto também.
Como pode tanta gente usar algo criado para o bem, um mecanismo que com criatividade e boas ideias podem ser tão úteis, de forma tão maldosa? Qual o sentido em chamar alguém que nem se conhece de “lixo” por algo lido em algum lugar?
Obviamente, xingamento não é prerrogativa de internet ou rede social. Sempre houve, acontece desde que o mundo é mundo. O problema é que, no mundo virtual, as pessoas perdem totalmente a medida. Não há mais limite, e estamos cada dia mais perto da generalização. É de assustar a forma como muitos se sentem à vontade para as mais exacerbadas formas de ofensa.
Chamar alguém de “lixo” é forte demais, é triste demais e as pessoas falam, aliás, escrevem, como se fosse a coisa mais natural do mundo. Ficou normal, comum. Sinceramente, não sei onde isto tudo vai parar.