No feriado de Corpus Christi tivemos uma cidade lotada, turistas de todos os cantos do país pelas ruas, além é lógico, de moradores, que precisavam “aproveitar” o feriado prolongado.
Na semana seguinte tivemos o dia dos namorados, também comemorado nas ruas do centro, bairros e distritos, com casais e grupos de pessoas que precisavam celebrar, esperando por horas em filas de bares ou passeando despreocupadamente, de mãozinhas dadas, “mostrando” o seu amor. Fotos e vídeos explodiram pela internet.
No início da semana seguinte é anunciado um decreto municipal com medidas restritivas (necessárias, diga-se de passagem) para impedir a proliferação do vírus causador de uma pandemia que em nossa cidade já causou mais de uma centena de óbitos.
Entre comentários de pessoas realmente preocupadas com a situação e outras mais preocupadas com seus interesses, entre pessoas politizadas e que colocam a saúde em primeiro lugar e outras que preferem fazer politicagem barata, se beneficiando com o caos, o dito decreto virou tema de inúmeros debates.
“O vírus não circula nos feriados?” pergunta um. “Turistas podem se aglomerar e a população é penalizada?” argumenta outro, entre tantos questionamentos passíveis de análise.
Moradores se indignam e se voltam contra turistas, o que não é bom nem justo, porque muitos, muitos mesmo moradores também se aglomeram por seguidos finais de semana, em festas e até mesmo pelas ruas, com suas latas de cerveja e “comemorações” em uma cidade sem vagas na UTI do hospital, profissionais de saúde exauridos e número de óbitos em crescimento.
Por outro lado, também não é hora de viagens de lazer. Não é hora de hotéis e pousadas com cem por cento de ocupação e pessoas passeando em grupo pelas ruas. Sobre máscaras e distanciamento, nem é preciso falar, quem sai para fazer turismo nesta época, obviamente não está preocupado com isso. Irresponsáveis são todos que se aglomeram sem necessidade, independente de serem turistas ou moradores.
Autoridades deveriam, sim, terem tomado providências antes, para coibir que a cidade lotasse daquele jeito, assim como as pessoas também não deveriam ter lotado a cidade. Fato é que neste jogo de empurra de responsabilidades, ninguém é santo. Quem realmente tem consciência não viaja para a cidade dos outros nesta época, e nem abusa em sua própria cidade. Quem realmente tem consciência ainda não sai sem necessidade. A fase de orientação já passou faz tempo. Um ano e meio é tempo mais do que suficiente para sabermos, nós todos, como devemos agir.