Não precisamos de três pontos de sky, um em cada aparelho de televisão da casa. Na verdade, não precisamos nem de três aparelhos de televisão. Não precisamos sair com amigos todo final de semana para comer pizza, nem ir à praia uma vez por ano, durante as férias. Não precisamos de tanta coisa com a qual nos habituamos e passamos a achar essenciais… Se ajudam em nosso lazer, e conquistamos com honestidade, nós merecemos, não há nada de errado nisto. Apenas não precisamos, e aprendemos isto neste um ano e meio.
Acostumamo-nos a contabilizar “dois anos de pandemia” pelo fato de estarmos no segundo ano dela, mas na verdade, de março de 2020, quando todo este caos começou, até os dias atuais, são 18 meses. Um tempo enorme pelo que sofremos, mas ínfimo para tanto aprendizado.
Neste período, abrimos mão de muita coisa que fazíamos quase automaticamente, e fomos obrigados a mudar hábitos de uma vida inteira, arraigados em nosso cotidiano de tal forma que não nos víamos sem eles e que por nossa conta, jamais deixaríamos.
Paramos, literalmente, forçados por um vírus inesperado, que ninguém jamais poderia imaginar que acontecesse, de repente, sem aviso, criando teorias e mostrando o lado mais sombrio e mais solidário do ser humano, ao mesmo tempo.
Muitos politizaram a situação, muitos se recusaram a enxergar, muitos se perderam em sua própria arrogância, ganância e egoísmo. Mas muitos também, abençoados estes, se permitiram reconhecer nossa insignificância diante deste Universo grandioso no qual estamos inseridos, mentes e mãos abençoadas encontraram a vacina, e fomos, no tempo permitido, encontrando o caminho para a saída do caos. Ainda estamos no caminho, não chegamos ao final, mas seguimos a passos largos.
As coisas estão melhorando, graças à ciência e aos incansáveis estudiosos e trabalhadores da saúde, e embora muitos ainda contribuam, inexplicavelmente, para que não acabe, seguimos no caminho certo. Vivemos o “pré pós-covid”, o futuro começa a clarear, sem a necessidade dos três pontos da sky, da pizza todo sábado e da praia todo ano. Neste futuro que se desenha, entendemos que se pudermos ter, ótimo, mas que não é necessário, e que se pudermos ir, ótimo também, mas que não é essencial.
Antes de tudo isso, não questionávamos os três pontos de sky, ou o restaurante e a praia. Eram parte de nós, usávamos porque merecíamos e ponto. Com as restrições que nos foram impostas, fomos obrigados a reavaliar. A sky pode ficar em uma única TV, o restaurante de toda semana pode perfeitamente acontecer uma vez por mês e a praia não é obrigatória todos os anos, sem que com isso deixemos de nos divertir.
Continuamos merecendo, mas aprendemos que podemos perfeitamente ficar sem. Esta é a grande lição. Aprendê-la ou não, depende de cada um.