Ao chegarmos ao final deste ano, é voz comum o quanto ele foi difícil. 2019 não foi um ano dos mais positivos. Foram muitas perdas, tragédias, acontecimentos que mexeram com todos nós. Um ano energeticamente pesado, cheio de situações complicadas e muitas dificuldades.
Eu, particularmente, perdi amigos queridos, sofri perdas físicas e emocionais, e, por várias vezes, engrossei o coro que pedia que o ano acabasse logo. Hoje, há dez dias deste final tão esperado, penso que não devemos reclamar, mas agradecer, afinal, estamos aqui. Quantos não conseguiram chegar?
A dor pelas perdas permanece. O “peso” energético continua no ar, mas cabe a nós, em lugar de darmos força ao negativo, tentarmos, mesmo que seja difícil, sermos positivos. Orarmos pelos que partiram fisicamente, nos aproximarmos dos que aqui estão, e mantermos todos vivos em nosso coração.
Esta semana perdi uma amiga e ao pensar em tantos que partiram este ano, acreditando que não passaria mais por isto nele, enchi Deus e o Universo de “porquês”. Por que uma pessoa ativa, feliz, realizada, está com a gente em uma semana e na semana seguinte não está mais neste mundo, nem com a gente nem com ninguém? Por que alguns sofrem durante anos em um leito de hospital e outros se vão em um piscar de olhos? E, principalmente, por que este ano, especificamente, foram tantos que partiram?
Não sei se foi a resposta de Deus ou do Universo, mas pensando tudo isto, caiu a ficha que assim como eu perdi amigos, os meus amigos também vão me perder, um dia. E por enquanto estamos aqui, eu e eles. Os que foram cumpriram sua missão, e se nós não fomos, é sinal de que nossa missão não está cumprida ainda. O “peso” de 2019 foi devido ao fato de terem sido tantos, em tão pouco tempo, mas não nos cabe entender o porquê disto. Por mais que perguntemos, jamais iremos entender. Não depende de nós.
Entendi também que tudo tem a sua hora e todos temos o nosso tempo, independente de que ano seja. Cabe a nós, que ainda estamos por aqui, tentarmos fazer o ano, o mês, a semana, um tempo de paz. Não temos certeza de nada. Não sei quem ainda pode ir nestes dez dias, não sei nem se eu irei. Tomara Deus que não, adoro a vida e tenho muito que viver e fazer, mas esta é a minha visão terrena, não conheço os planos espirituais. Quando achamos que alguém “foi muito cedo” (e se são amigos, sempre achamos) na verdade estamos falando da nossa visão e não da dele ou da de Deus. Precisamos deixar o egoísmo um pouco de lado e tentarmos, por mais difícil que seja, pensar no outro. Na missão cumprida. Na partida sem dor. Na vontade de Deus.
Eu concordo, sim, que 2019 foi um ano difícil. Eu desejo, sim, que 2020 seja melhor. Que eu fique por aqui e meus amigos também, que eu não perca mais ninguém e que o mundo, em geral, seja melhor. Mas eu não tenho como saber, ninguém tem, na verdade. Não temos como saber, mas podemos tentar fazer o melhor. Podemos e devemos, em lugar de focar nossas energias no quanto 2019 foi pesado, elevarmos os nossos corações em pensamentos para que 2020 fique mais leve. E que assim seja.