É incrível como em pleno século XXI, ainda há quem queira sobreviver do sobrenome. Fulana, bisneta de família quatrocentona paulista, sicrano, parente do ex-brigadeiro de não sei o quê… não são poucos os que ainda estão na fase do “sabe com quem está falando?” Alguns não entenderam ainda que nós fazemos o nosso nome e não o contrário. Um sobrenome pomposo ou quatrocentão não significa nada, se quem o carrega não fizer jus a ele.
Silva, Souza, Ferreira, Soares, Oliveira… são apenas palavras, se quem as usar não torná-las importantes. O meu tatatataravô pode ter sido o rei da Espanha, mas se eu, em 2019, for uma inútil, carregar o sobrenome dele não significará nada. Da mesma forma, se ele tiver sido inútil e eu honrar o nome que carrego, eu o transformarei.
Assim funciona para todos nós. Não adianta o indivíduo ser de família quatrocentona paulista e sair anunciando isto aos quatro ventos, se ele mesmo não fez o seu nome. O sobrenome pode ter quatrocentos anos, mas o que ele, com seu primeiro nome, é? O que fez? Qual a sua importância no mundo?
Aquele que honra o primeiro nome que carrega não precisa de sobrenome para viver, e honrar o nome não significa ter status, dinheiro, fama. Também é fato que quem consegue, com seu esforço, com trabalho e dignidade, algum destes atributos ou todos eles, está de parabéns, pois também não é certo passar do 8 ao 80.
Ideal são os casos dos que nascem em berço de ouro, herdam, e transformam o que lhes chegou de graça em bem para si e para os outros. Geram empregos, ajudam quem precisa, aumentam os negócios da família e assim ajudam o social e pessoas individualmente, de formas diversas. Esses têm nome e sobrenome, merecem respeito, valorizam o que têm e o que são.
Já outros… longe do ideal, se tornam parasitas, vivendo do que o avô foi, do sobrenome do bisavô, etc, esquecendo-se do seu próprio. Esquecem seu primeiro nome em função do sobrenome de quatrocentos anos. Vivem no passado, e não pensam que quatrocentos anos de São Paulo, Rio, Minas, Brasil, Grécia, Egito, seja onde for, não põem comida na mesa. O mundo mudou, a vida é dinâmica, nem os descendentes dos Orleans e Bragança podem viver só disto (e, acredito eu, eles nem devem querer). Não tem graça.
O bom da vida é nos fazermos, nos construirmos, seja no campo profissional, emocional ou social. Viver em função do que outro foi ou fez é comodismo, mesmo que o outro seja nosso parente. A vida de cada um, cada um deve fazer. Com seu primeiro nome, e assim honrando o sobrenome.