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Instituto Guaicuy pede revisão de decisão que pode arquivar investigação sobre poluição em Antônio Pereira

Instituto Guaicuy pede revisão de decisão que pode arquivar investigação sobre poluição em Antônio Pereira

Poeira vindo da Barragem Doutor em maio de 2025. Imagem: Acervo Guaicuy / Por: Amanda de Paula Almeida

O Instituto Guaicuy, responsável pela Assessoria Técnica Independente (ATI) em Antônio Pereira, encaminhou em 18 de julho um novo ofício ao Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) solicitando a reconsideração de um despacho que prevê o arquivamento das investigações sobre a poluição atmosférica causada pelas obras de descaracterização da Barragem Doutor, da Vale S.A., no distrito de Ouro Preto.

Desde 2023, a comunidade local registra episódios críticos de poeira, agravados pelo intenso tráfego de caminhões e maquinários nas obras, que devem continuar até 2029. Outras denúncias formais já haviam sido encaminhadas ao MPMG anteriormente. Entretanto, em abril de 2025, o promotor Dr. Emmanuel Levenhagen Pelegrini, da 1ª Promotoria de Meio Ambiente de Ouro Preto, emitiu um despacho considerando os episódios de poeira como “pontuais” e sinalizando o possível arquivamento do caso.

A decisão do MPMG se baseou em relatórios da Fundação Estadual de Meio Ambiente (FEAM), Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMAD) e Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Ouro Preto (SEMMAD), que, segundo o órgão, não apresentaram dados suficientes para comprovar danos ambientais graves ou responsabilizar a Vale. Com isso, o promotor entendeu não haver motivos para abertura de inquérito civil.

“Essa conclusão, no entanto, não leva em conta o que a comunidade vive diariamente. A poeira é constante, recorrente nos períodos de seca e é agravada pelo fluxo intenso de caminhões, pelos redemoinhos que se formam na área das obras e pela fragilidade das medidas adotadas pela empresa. A população denuncia a presença contínua de poeira sobre as casas, hortas, comércios e roupas. As medidas da Vale, como a umectação, são insuficientes. Faltam estudos independentes de dispersão atmosférica e monitoramento abrangente da qualidade do ar”, argumenta o Instituto Guaicuy em publicação oficial.

No documento enviado ao MPMG, o Instituto solicita a reconsideração da decisão de arquivamento e pede a instauração de inquérito civil ou Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) para fiscalizar a Vale. O ofício também requer a implantação de um sistema de monitoramento automático de qualidade do ar, com estações estrategicamente posicionadas e consulta prévia à comunidade, conforme a Convenção nº 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), levando em conta a presença de Povos e Comunidades Tradicionais na região. A proposta prevê ainda a divulgação transparente e periódica dos resultados à população local.

“Embora a mineradora Vale mantenha um canal de relacionamento com a comunidade, relatos dos moradores indicam a ausência de devolutivas e tratativas relacionadas às denúncias e reclamações referentes a emissão contínua de poeira. Isso prolonga os impactos sobre os moradores e caracteriza uma falha na gestão do diálogo com a população atingida”, finaliza o Instituto.

Horizonte empoeirado em Antônio Pereira. Imagem: Maria Helena Rocha/Comissão dos Atingidos

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