Neste feriado prolongado, recebi a visita de pessoas muito queridas, um casal de amigos e uma amiga em comum. Mesmo morando ali tão pertinho, em BH, não nos víamos há mais de um ano e foi um encontro delicioso.
Saímos, ficamos em casa, assistimos filmes antigos e conversamos muito, sobre os mais variados assuntos. Um ambiente “acostumado” com uma única pessoa, quando passa a ter quatro, muda de energia, e é muito bom variar. Passamos três dias maravilhosos, saíamos e chegávamos exaustos, mas mesmo assim ficávamos até de madrugada conversando. O cansaço físico se torna irrelevante diante do bem estar emocional.
Impossível não falar sobre as eleições que batem à porta, principalmente as presidenciais. Conversamos sobre isto também, mas não houve um único grito, uma única briga e principalmente, nenhuma ofensa. Quando falamos isto, nossa amiga disse: “olhem que absurdo, nós estamos nos elogiando por uma coisa que deveria ser óbvia”.
Ela está repleta de razão. Não brigar, não agredir e não ofender deveria ser regra e não exceção. Infelizmente, os valores estão mudados.
O meu casal de amigos tem duas filhas, de dezessete e quatorze anos, que não vieram. Eles me perguntaram se eu não sentia falta de ter mais gente em casa, se não era solitário morar sozinha. Respondi que não, e que isto era tão arraigado em minha vida, que nunca nem parei para pensar. Mais uma vez nossa amiga, uma pessoa extremamente sábia, e que também mora sozinha, comentou que a beleza da vida é exatamente esta capacidade que temos de nos adaptarmos e tirarmos o melhor da situação em que vivemos.
No domingo à noite, quando eles foram embora e a energia da minha casa voltou ao “normal”, fiquei pensando. Talvez quem não viva a situação não entenda, mas existe uma diferença enorme entre morar sozinha e ser sozinha. Primeiro porque é super normal eu estar com a casa cheia, segundo porque saio tanto que às vezes chego a sentir falta de me dar um tempo (o que adoro fazer, de vez em quando).
Aprendi que a solidão não é física e estar sozinho não significa ser só. Adoro o meu canto, o meu espaço, adoro a minha casa. Igualmente adoro receber visitas (de pessoas que valem a pena, é claro). Quando abro as portas da minha casa para alguém, é porque esta pessoa é realmente importante.
O meu feriadão foi especial porque as pessoas eram especiais. Da mesma forma, seria especial se eu estivesse sozinha. Porque eu estaria sozinha, mas com certeza não estaria em solidão.