Conta a lenda que, na Índia antiga, vivia um homem muito avarento.
Certo dia, este homem chegou à cidade de Calcutá e começou a passear por uma de suas movimentadas ruas. De repente, viu uma mulher que estava vendendo o que acreditou serem doces. O que ele não sabia era que aquilo que parecia ser uma deliciosa guloseima era, na verdade, uma forte pimenta, em formato de doce.
O homem era muito guloso e comprou uma grande quantidade dos supostos doces, dispondo-se a dar-se um grande banquete. Estava muito contente, sentou-se em um parque e começou a comer as pimentas a dentadas. Logo que mordeu a primeira, sentiu fogo no paladar. Eram tão apimentados aqueles doces que ficou com a ponta do nariz vermelha e começou a soltar lágrimas pelos olhos.
Não obstante o incômodo e mal estar, ele continuava levando as pimentas à boca sem parar. Espirrava, chorava, fazia caretas de mal estar, mas seguia devorando-as avidamente.
Assombrado com aquilo, um passante se aproximou e disse-lhe:
– Amigo, não sabe que as pimentas são temperos e não devem ser comidas cruas? Isto vai lhe fazer mal.
Quase sem poder falar, o guloso avarento respondeu:
– Bom homem, creia-me, eu pensava que estava comprando doces.
O passante disse:
– Bom, está bem, mas agora já sabes que não são doces, por que segues comendo-os?
Entre tosses e soluços, ele disse:
– Já que investi neles meu dinheiro, não vou jogá-los fora.
Quantas vezes fazemos isto na vida! Compramos enganados algo que nos faz mal e, para não perdermos o que investimos, continuamos nos alimentando daquilo, passando mal e sofrendo para não perdemos o dinheiro gasto. Não entendemos que é muito melhor jogarmos fora a pimenta que nos arde os olhos e sairmos em busca do doce que nos vai fazer bem ao paladar.
Assim é com os nossos sentimentos. Disse o Mestre: “Toma o melhor para tua evolução interior e joga fora o desnecessário ou pernicioso, mesmo que tenhas investido muito dinheiro ou tempo neles”.