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Minas Gerais amplia patrimônios com reconhecimento da Unesco

Mauro Werkema

Cultura e natureza são os dois patrimônios que distinguem e qualificam Minas Gerais perante o Brasil e o mundo. E que, na contemporaneidade, se revelam como fatores que vão conferindo ao Estado fama e competitividade, especialmente no turismo, por suas expressões naturais e culturais e nos “modos de viver”. É o que demonstram o reconhecimento, pela Unesco, órgão da ONU para a cultura, pela excepcionalidade de manifestações raras da criatividade humana e de excepcional valor, como patrimônios da Humanidade. No campo da natureza, três inclusões da Unesco contemplam Minas Gerais: a classificação da Cordilheira do Espinhaço como Reserva da Biosfera, por sua rica biodiversidade, em 2005; o reconhecimento do Conjunto de Cavernas do Peruaçu como Patrimônio Natural da Humanidade, que acaba de ocorrer; e, em 2024, a titulação do Modo de Fazer o Queijo Minas Artesanal como Patrimônio Imaterial da Humanidade.

Lembremos que Minas Gerais já possui quatro títulos de Patrimônio Cultural da Humanidade concedidos pela Unesco em reconhecimento a conjuntos urbanísticos significativos como exemplares preservados do século XVIII mineiro: Ouro Preto, em 1980; o Conjunto Escultórico do Santuário do Senhor Bom Jesus do Matosinhos e os Doze Profetas de Aleijadinho, em Congonhas do Campo, em 1985; o conjunto urbanístico de Diamantina, em 1999; e, mais recentemente, o Conjunto Modernista da Pampulha, em 2016, obra de Oscar Niemeyer por solicitação do então prefeito de BH, Juscelino Kubitschek.

Ouro Preto, Mariana e Itabirito estão no percurso inicial da Cordilheira do Espinhaço, denominação dada pelo mineralogista alemão Barão de Eschewege, por ser a “espinha dorsal” de Minas Gerais, que percorre pouco mais de mil quilômetros e define a topografia e a geologia da Região dos Inconfidentes. Eschewege veio para Ouro Preto em 1812 e realizou amplas e férteis pesquisas sobre o potencial mineral de Minas Gerais. Ferrífero e aurífero, o Espinhaço separa as bacias do São Francisco e do Rio Doce, orientou os bandeirantes na ocupação pioneira de vastos territórios mineiros desde os anos finais do século XVII, correndo junto ao Rio das Velhas. Alcança o sul da Bahia e orientou a ocupação do Vale do Jequitinhonha, onde também definiu modos de vida, de sobrevivência e de sua diversidade cultural, hoje também em reconhecimento mundial. E que passa por revalorização cultural e artística, e pela descoberta de jazidas de minerais raros como o lítio. Já em tempos difíceis, sua cerâmica de barro artesanal ganhou fama mundial.

A diversidade natural e cultural do Espinhaço é ampla, pela sua topografia, pela riqueza mineral, por fauna e flora, cursos d’água e cachoeiras. Basta lembrar a atratividade cultural, turística e natural da Serra do Cipó e seus muitos atrativos turísticos, por sua natureza e a extraordinária beleza natural de suas montanhas e vales. Integram o Espinhaço o Itacolomi, a Serra de Capanema, a Serra de Itabirito, a Serra do Curral de BH, a Serra da Piedade. São do Espinhaço o Pico do Itacolomi, com 1.772 metros; o Pico do Sol, na Serra do Caraça, com 2.070 metros; e o Pico do Itambé, no Serro, com 2.052 metros.

Onze municípios do percurso do Espinhaço, a partir de BH, com apoio da Secretaria de Cultura e Turismo do Estado e patrocínio de mineradora, projetam no momento a exploração turística e cultural do Espinhaço com qualificação receptiva de parques naturais, visitas especiais, cachoeiras e outros atrativos, em percurso especialmente já delimitado. E o Espinhaço, única cordilheira do Brasil, se consolida como um reconhecido patrimônio natural de Minas Gerais, entre outros já reconhecidos como merecedores de títulos da Unesco, para serem preservados como riquezas da Humanidade. Minas Gerais, cada vez mais, tem muito a agradecer à sua herança natural, de que herdou sua origem e seu nome. 

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