GRANDES ERAM os laços de amizade que aproximavam aquelas duas pessoas. Amigos desde a meninice. Viveram uma infância e uma adolescência de grande aproximação. Juntos brincavam, estudavam, caminhavam, divertiam-se, iam ao cinema, falavam de namoradas, usavam até roupas semelhantes. Frequentavam os mesmos bares, restaurantes, parques, shoppings, teatros, campos, igrejas, praças e jardins. Eram tão amigos que não se desatavam um do outro. Confiança era a força que unia suas almas e acompanhava seus passos. Viverem separados parecia impossível. Tinham a afinidade de pessoas gêmeas. Jamais houve desentendimento entre eles. Sonhavam formar uma empresa juntos como sócios. Seus ideais eram realmente comuns. O que agradava a um agradava realmente ao outro. Marcavam e faziam viagens sempre juntos. Pareciam frutos da mesma árvore.
CERTO DIA, uma terceira personagem entrou no círculo daquela amizade. O amor de uma jovem veio romper aquela relação de afeto e amizade. Um elo da corrente abriu-se para o sentimento da terceira. O coração foi invadido pela energia do amor natural. A alma de um deles foi aberta pra receber a força do amor feminino. Os amigos, até então unidos, aos poucos foram se afastando, se distanciando. Os dias foram passando, as ligações primitivas foram rompendo-se paulatinamente. A amizade passou a existir enfraquecida, à distância. O tempo se encarregou de dar o golpe de morte naquela ligação antes tão intensa. Cada um passou a viver sua vida real. O tempo correu. Não há mais ponto de liame entre eles. Cada um prosseguiu sua vida plena. Cada um pra si. O “somos amigos” converteu-se em “fomos amigos”.
O CÍRCULO é uma figura geométrica em que cada ponto inicial é o final do anterior. A amizade, como os pontos circulares, está muito próxima da aversão, do ódio, da raiva, da separação, da inimizade. Aquele que partiu, que feriu a base primitiva da dupla amiga, quebrou o último e mais íntimo ponto da afeição. Dedou o amigo, dizendo à amada: Ele é homossexual. Inconformado o amigo remanescente sentiu-se ofendido no âmago de sua consciência. Estranho, exclamou enraivecido. Ele me dedou! É um traidor. Jamais gozará da minha distante e afastada confiança. Não quero saber de sua imagem, nem no pensamento. Traiu a minha amizade.
“Um escritor latino-americano dizia que nós, homens, temos dois olhos, um de carne e um de vidro. Com o primeiro, vemos aquilo que olhamos. Com o segundo, vemos aquilo que sonhamos. Na verdade, no caminho da vida deve haver a capacidade de sonhar”.
Às vezes, sonhamos coisas que jamais acontecerão. Mas, sonhe com elas, deseje-as, procure horizontes, abra-se às grandes coisas. Sonhe um mundo que com você possa ser diferente”, estas são palavras do Papa para os jovens, as quais todos nós podemos adotá-las, porque verdadeiras e oportunas.