Valdete Braga
Esta semana foi muito divulgado pelas redes sociais o vídeo de um acidente em que um ônibus atropela e mata um cão, em um bairro da cidade. Digo acidente, porque, ao contrário de muitos comentários sobre o caso, quero crer que o motorista do ônibus não tenha visto o animal, resultando neste fato tão triste.
Pelas redes a maioria das pessoas diz que não e cobrem o motorista de xingamentos, alguns muito fortes, garantindo que o mesmo fez de propósito. O mundo está tão violento que estas coisas infelizmente acontecem, mas não quero acreditar que seja o caso.
Eu não quis assistir ao vídeo, quando chegou para mim não abri, li apenas os comentários, alguns muito fortes, e a maioria atacando o motorista. Eu não estava lá, não vi e não posso afirmar que o motorista não viu o cachorro, mas da mesma forma também não posso (e principalmente não devo) afirmar o contrário.
Exatamente pela violência que nos ronda, a tendência do ser humano é sempre pensar o pior, mas em um caso tão sério e tão triste, não devemos já ir atirando pedras e dando certeza de uma coisa que não temos conhecimento para afirmar.
Obviamente, um ato destes, se proposital, merece todo o repúdio do mundo, mas e o benefício da dúvida, onde fica nesta história? E a possibilidade de o motorista não ter tido visão, não ter conseguido parar, não merece também ser levantada?
Li também que ele poderia, sim, ter parado, pelo que foi visto no vídeo. Ainda assim, e o perímetro de visão dele, como podemos saber? Se ele não tiver visto, porque pararia? Antes de afirmar, é preciso ver todas as possibilidades, até porque deve ser terrível a sensação de, mesmo involuntariamente, ser responsável pela morte de um ser indefeso.
Nesta história, fica a reflexão, mais uma vez, sobre a seriedade destes animais espalhados pela cidade inteira, por irresponsabilidade de pseudo tutores, que abandonam e deveriam ser responsabilizados, muito mais do que o motorista, no caso, obviamente, de ter sido um triste acidente, como aqui pondero.
Esta questão de cães de rua, em nossa cidade, já se torna calamidade pública e, pior, conscientes da impunidade, cada vez mais pessoas abandonam, sabendo que “não vai dar em nada”.
Dá sim, dá em muita coisa, dá em sofrimento para os cães e para os humanos. Quando um destes cachorros ataca ou morde alguém, quem assume a responsabilidade? Não é culpa dele, mas também não é de quem foi atacado. Onde estão nossas autoridades, que não tomam providências? O que mais estão esperando acontecer?