DOM JOÃO VI quando veio para o Brasil em 1808, estava fugindo da sanha conquistadora de Napoleão, pequeno no tamanho, mas dotado de extraordinário senso conquistador. Escapou da França, mas caiu nas garras da Inglaterra, politicamente, porque aquela se beneficiou levando daqui pau-brasil e com baleeiras piratas pescavam baleias em nosso litoral.
Enquanto esta que ganhara o domínio da Nação lusa e suas colônias tornou-se credora de Portugal, fazendo-se deste um dependente econômico, através de financiamento e empréstimos exorbitantes, que foram pagos através do ouro de sua principal colônia, que era o Brasil.
Com isto a Inglaterra apoderava-se, indiretamente da produção do ouro especialmente de Vila Rica (hoje Ouro Preto).
Paulo Setúbal, um dos maiores escritores do “Brasil-Reino” – 1808/1834, em As Maluquices do Imperador D. Pedro I – faz relatos preciosos, completos e belos pela linguagem histórica e literária da recém-independência do Brasil.
A atual minissérie da Rede Globo explora muito bem os acontecimentos da vinda da família real para o Brasil e suas manias nas terras de além-mar.
“A CRÔNICA dos costumes da Corte e as Maluquices do herdeiro do trono, sucessor de D. João VI, ganham um sabor admirável e brincalhão”. Na verdade como diz o escritor Fernando Jorge: “Todas as obras de Paulo Setúbal magnetizam os leitores devido ao estilo vivo, colorido, repleto de calor humano”.
Portugal carreava para a Inglaterra sua Credora, além de ouro, iam do Brasil via descobridores: prata, açúcar, couro, cacau, algodão, fumo e até diamantes. Ora, a jamais esquecida, atacada e vilipendiada “Derrama”, em cuja proclamação seria o momento certo para iniciar a Conjuração com o grito da Senha: “dia do batizado”, foi abortada pela traição de Joaquim Silvério dos Reis, cuja memória causa asco a todos os inconfidentes e a nós, também.
Consideram-se como os principais membros da revolta de Vila Rica, que não houve, destacando-se entre eles: Tomás Antônio Gonzaga, Cláudio Manuel da Costa, Alvarenga Peixoto, José Álvares Maciel, José de Rezende Costa e seu filho, Luís Alves de Toledo Piza, Francisco Antônio de Oliveira Lopes, Domingos de Abreu Vieira, Francisco de Paula Freire de Andrade. Os conhecidos padres Rolim, Toledo, Manuel, José Lopes, Luís Vieira, etc.
O grande, o mais loquaz, entusiasmado com a sonhada proclamação da república foi Joaquim José da Silva Xavier, aquele que, já no século XX, seria proclamado, com todo o mérito, honra e dignidade como “O Patrono da Nação brasileira”.
Três grandes motivos do fracasso daquele possível levante que buscaria a república foram certamente: os proprietários e ricos, em perigo de perderem suas terras, os oportunistas temerosos de suas consequências, a traição covarde do grande devedor da Coroa, semianalfabeto, cujo documento delator foi ditado pelo Visconde Barbacena e anexado a outros!
EM SUMA, o que adiantaria a defesa dos réus, especialmente do advogado Oliveira Fagundes, se a sentença de morte dos conjurados já tinha sido assinada pela rainha de Portugal, antecipadamente. Foi uma defesa como Lisboa queria! – Como admitir como leal, correta e isenta, uma sentença assinada por uma rainha louca, demente? – Como somente “um” dos conjurados podia receber a sentença de morte?
– Como entender que a forca com esquartejamento de Tiradentes foi considerada como “morte natural”? – Como a sentença, além de declarar o réu infame, atingiu seus filhos e netos com o confisco de todos os bens? – Como sua casa foi arrasada e salgada? – Como e por que só Ele foi o infame e abominável réu?
– Como dois sacerdotes participaram da estupidez do enforcamento, louvando a rainha, o poder, a covardia? – Como um frei cujo nome era “José de Jesus Maria do Desterro” fez no momento da execução um Sermão elogiando os assassinos, camuflados de autoridades?
Hoje, em pleno século XXI, a corja dos dilapidadores continua lutando em busca do poder, para apossarem do dinheiro e dos bens públicos que pertencem ao povo por direito e formação patrimonial. É uma vergonha nacional.