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Uma lenda de terror da Quaresma

Por Valdete Braga

Estamos na Quaresma, período considerado por várias religiões como época de reflexão e preparação para a `Páscoa. São quarenta dias, que começam na Quarta-Feira de Cinzas e terminam no Domingo de Ramos.

Muitas pessoas consideram também uma época de penitência, o que fez surgirem várias histórias de assombrações e afins, como a seguir:

Reza a lenda que, há muito tempo, em uma fazenda onde moravam um casal muito rico e seu único filho, foi trabalhar uma jovem de rara beleza. O filho e a jovem se apaixonaram, e ela engravidou. Mesmo contra os padrões da época, o rapaz quis casar-se com a empregada e assumir o filho, mas, ao contar para o pai os seus desejos, este não aceitou e amaldiçoou a criança, que nem havia ainda nascido, dizendo que jamais aceitaria um neto filho de uma criada.

O rapaz então pediu à moça que juntasse suas roupas e os dois partiram. Com o que tinha de economias, comprou um pequeno sítio e passou a morar ali com a esposa. Passaram por muitas privações, mas se mantiveram unidos. Chegou o dia da criança nascer, e, para tristeza de ambos, ela não sobreviveu.

Os pais ficaram arrasados, mas seguiram com a vida. O rapaz, antes um herdeiro que não fazia nada, cercado de criados para servi-lo, tornou-se um homem responsável e trabalhador, mas, após a perda do filho, ficou amargo e deixou de acreditar nas tradições.

Conta-se que, naquela época, uma besta rondava a região durante a Quaresma, e por isto ninguém trabalhava nesta época. Os sitiantes e fazendeiros estocavam alimentos e evitavam sair até durante o dia, por medo de se encontrarem com a besta.

Em uma dessas Quaresmas, preparando-se para sair, a esposa implorou para que não fosse e ele respondeu “eu só pararia de trabalhar se meu filho estivesse vivo”. Seguiu seu dia normalmente e, ao voltar para casa, de repente o cavalo empacou, recusando-se a seguir. O homem desceu, para ver se ele estava machucado, e ouviu, entre os arbustos, um choro de criança. Aproximou-se lentamente e, surpreso, deparou-se com uma criança recém-nascida em meio a um dos arbustos. Tentou tocá-la e neste momento sentiu algo às suas costas e, virando-se, deu de cara com um monstro horrível, de chifres e olhos flamejantes.

– Você quer seu filho de volta? Perguntou a besta. Pode levá-lo, mas terá de me dar a sua alma em troca.

Apavorado, o homem correu para casa e contou à esposa o que aconteceu.

– Vamos orar – disse ela. Eu te avisei que a besta fica nos rondando e aproveita as oportunidades para nos testar.  Você precisa aceitar a vontade de Deus, que levou nosso filho, e voltar a cumprir os rituais.

A partir daquele ano o homem nunca mais trabalhou na Quaresma, e ele e a esposa seguiram tranquilos até o fim da vida.

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