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Às vésperas do prazo final para aderir ao acordo de Mariana, municípios pedem prorrogação ao STF

Às vésperas do prazo final para aderir ao acordo de Mariana, municípios pedem prorrogação ao STF

Somente 30% dos municípios válidos assinaram o acordo até o momento

Imagem e Reportagem: Amanda de Paula Almeida

Com o término do prazo para adesão dos municípios ao Acordo de Mariana se aproximando, a Associação Mineira de Municípios (AMM) ingressou com um requerimento na ação que está em curso no Supremo Tribunal Federal (SFT) solicitando a prorrogação do prazo para análise por mais seis meses. O prazo oficial termina nesta quinta-feira (6) e 70% das cidades ainda não aderiram ao acordo.

Ao todo, são 49 municípios, dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo, reconhecidos como atingidos pelo rompimento da barragem de Fundão em 2015. Até o momento, apenas 15 aderiram ao acordo. A AMM justificou seu pedido afirmando que muitos prefeitos estão no início de seus mandatos e sequer têm conhecimento da existência desse acordo, que impõe obrigações significativas às prefeituras.

Além disso, a Associação destaca que o documento é extenso, com mais de 1.200 páginas, e é fundamental que os prefeitos não assinem sem uma análise detalhada. “Nossa preocupação é que, ao aderirem sem pleno entendimento, as prefeituras acabem assumindo encargos que deveriam ser das empresas responsáveis pelo desastre”, afirmou o presidente da AMM, Dr. Marcos Vinicius em nota.

O prefeito de Mariana, Juliano Duarte (PSB), mantém o posicionamento de não assinar o acordo. Segundo ele, Mariana, que foi a cidade mais afetada pelo rompimento, iria receber cerca de R$1,2 bilhão parcelados em 20 anos. Juliano também ressalta que os prefeitos ficaram de fora das negociações e que as propostas dos municípios foram excluídas do acordo: “Mariana teve a sua economia totalmente fragilizada, destruída, juntamente com a barragem de Fundão. Nós vamos manter a não assinatura do acordo em virtude dos valores que são insuficientes. E principalmente, também, pelo tempo de pagamento após a assinatura. Vamos receber um direito que é líquido e certo dos municípios em 20 anos. É a maior tragédia ambiental do país e uma das maiores do mundo e agora, depois de nove anos que nós aguardávamos uma assinatura, uma luz no fim do túnel, ainda vamos receber em 20 anos”, declarou Juliano Duarte.

A declaração de Juliano está em consonância com o assinado no dia 18 de fevereiro, durante reunião dos membros do Consórcio Público de Defesa e Revitalização do Rio Doce (Coridoce), por representantes de 23 cidades atingidas pelo rompimento da barragem de Fundão. Na ocasião todos se comprometeram a não assinar o acordo de repactuação da forma que se encontra.

Juliano, assim como prefeitos de outras cidades atingidas, espera a decisão do julgamento na Corte Inglesa, que deve ter uma sentença em meados de 2025. Se aprovado o pedido da AMM pelo STF, os municípios poderiam decidir sobre a assinatura do acordo com uma resposta oficial do julgamento inglês. A AMM também solicita ao STF que questione os termos do acordo: “Reforço a recomendação para que os prefeitos não assinem o documento sem pleno conhecimento de suas implicações. Estamos atuando firmemente para que os municípios não sejam penalizados e sigam sua luta por uma reparação justa. A AMM não aceitará que essa responsabilidade recaia sobre os prefeitos sem que haja uma ampla discussão e total clareza sobre os impactos desse acordo”, finalizou o presidente da AMM.

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