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Uma lenda de carnaval

Reza a lenda que, há tempos atrás, havia em Veneza um luxuoso palácio, enorme, cheio de pompa, que chamava a atenção de todos que por ali passavam. Neste palácio vivia uma condessa riquíssima e muito poderosa, que raramente aparecia em público.

A condessa era viúva e sem filhos e não tinha muitas alegrias na vida, preferindo ficar reclusa em seu palácio, desfrutando da companhia de seus leais servos, que tinham por ela muito carinho.

O ex marido da condessa, antes de morrer, realizava bailes e festas no palácio, convidando toda a nobreza da cidade, o que a incomodava, pois mesmo tendo nascido em berço de ouro, ela era uma mulher simples, que não fazia diferença entre as castas, o que a tornava muito querida entre a criadagem.

Quando o esposo faleceu, a condessa fechou sua casa para festas, mas para driblar o preconceito da época, que não permitia a entrada de plebeus em festas dos nobres, teve uma ideia, que logo colocou em prática.

Durante o carnaval, ela organizava um baile de máscaras, para o qual convidava todos os moradores da cidade. Todos podiam participar, tanto os nobres quanto os plebeus, desde que fossem mascarados, e a melhor fantasia recebia um prêmio.

Havia um jovem na cidade que nunca podia participar do baile, porque era muito pobre e não tinha como conseguir um traje para ir. O nome do jovem era Arlequim, e todos os anos, sem faltar um, ele ficava do lado de fora, com suas vestes simples e surradas, assistindo, encantado, as pessoas chegarem com suas fantasias para a festa.

Assim que o baile começava, voltava triste para casa, sonhando com o que poderia estar acontecendo dentro do castelo.

Houve um ano em que os amigos do jovem Arlequim, penalizados com sua tristeza, deram para ele o que sobrou dos tecidos de suas fantasias. Agradecido, ele levou os pedaços de pano para casa e pediu à sua mãe para fazer-lhe uma fantasia.

A mãe, que era uma exímia costureira, cortou os retalhos em losangos do mesmo tamanho, e, combinando as cores, transformou-os em uma bela vestimenta. Costurou também uma linda máscara, sempre combinando as cores de forma simétrica.

Arlequim vestiu-se cuidadosamente e dirigiu-se ao palácio, podendo, pela primeira vez, entrar e participar do baile. Pela originalidade e beleza de sua fantasia, foi o vencedor do concurso.

A condessa, encantada com a originalidade e cuidado com que foi feita a fantasia, perguntou-lhe onde a havia conseguido, e ele respondeu:

– O meu traje ficou tão lindo, porque foi feito pela bondade de meus amigos e amor de minha mãe”. 

Assim nasceu a lenda do Arlequim.

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