Reportagem: Evelin Almeida/ Revisão: Jeane Polva
Na última quinta-feira (06), a Prefeitura de Ouro Preto firmou, em Salvador, um termo de convênio com a Organização das Cidades Brasileiras Patrimônio Mundial (OCBPM) para a restauração do Casarão do Vira Saia, localizado na Ladeira do Santa Efigênia, no bairro Antônio Dias. O projeto contará com um investimento de R$ 1,3 milhão.
O recurso será destinado às obras de restauro e requalificação do Casarão, atualmente em estado de deterioração. O termo também prevê a implantação de um Centro de Interpretação Cultural e Turismo, oferecendo um novo modelo de aproximação e conexão dos visitantes com o território, promovendo experiências únicas de interação com a história.
A parceria foi fortalecida durante o 11º Encontro Brasileiro das Cidades Históricas, Turísticas e Patrimônio Mundial, com a participação do prefeito Angelo Oswaldo, que formalizou o acordo. Além de representar um marco para a cidade, o projeto é mais um passo na preservação e valorização do patrimônio histórico. “Mais um ponto positivo para o bairro Antônio Dias, mais uma grande conquista cultural para Ouro Preto que dá força, dá vida, dá alma a toda ação cultural de Ouro Preto”, destacou o prefeito.
Peça fundamental no conjunto patrimonial e histórico de Ouro Preto, as mobilizações da Prefeitura para salvar o Casarão começaram em 2021, na gestão do prefeito Angelo Oswaldo. À época, o executivo municipal iniciou o processo jurídico de análise de interesse na aquisição do casarão, que resultou na desapropriação do imóvel em 2022.
O acordo firmado em Salvador se torna um marco na gestão e cuidado com o patrimônio, além de promover a valorização do bairro Antônio Dias, com equipamentos públicos de grande relevância para o cenário turístico da cidade.
Preservação e história
O Casarão guarda a memória de Antônio Francisco Alves, o famoso “Vira Saia”, que viveu no século XVIII. Conhecido como o “Robin Hood de Ouro Preto”, ele interceptava o ouro extraído em Minas Gerais e destinado ao Rio de Janeiro para a Coroa Portuguesa. Uma figura emblemática e parte importante da construção histórica da cidade, que agora poderá ser revivida com a transformação do espaço.
Datada do século XVII, a construção é uma representação material e viva das transformações ocorridas durante o Ciclo do Ouro. Relatos históricos apontam que Vira Saia utilizava a imagem de uma santa em seu oratório para indicar o trajeto do ouro, movendo-a conforme os planos de interceptação do material.
A restauração do Casarão é vista como um marco na preservação do patrimônio e na manutenção da história, que promete integrar, no mesmo espaço, educação, cultura e arte.