Imagem: Patrick Araújo
Reportagem: Vívian Chagas
Primeiro feriado nacional da Consciência Negra marca o reconhecimento dos Congados e Reinados de Ouro Preto como Patrimônio Imaterial de Minas Gerais
Ouro Preto celebrou o primeiro feriado nacional da Consciência Negra com um evento que reforçou o valor das tradições afro-brasileiras na cidade. Como parte das comemorações, os Reinados e Congados de Ouro Preto foram oficialmente reconhecidos e inscritos no Livro de Expressões e Celebrações do Patrimônio Cultural Imaterial de Minas Gerais. A cerimônia, realizada na Casa da Cultura Negra, contou com a presença de autoridades locais, representantes do Executivo Municipal, do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA-MG), congadeiros e a comunidade.
O Secretário Municipal de Cultura e Turismo, Flávio Malta, ressaltou a importância do reconhecimento, afirmando que “a inscrição dos Reinados e Congados no Patrimônio Cultural Imaterial de Minas Gerais é um passo importante para preservar e fortalecer nossas tradições.” Ele completou ainda: “Essas manifestações são parte essencial da alma de Ouro Preto, e são fundamentais para compreendermos a nossa história e identidade”.
O evento não só celebrou a importância das tradições congadeiras, mas também foi uma oportunidade para relembrar outras conquistas da população negra em Ouro Preto, como a alteração da bandeira da cidade em 2005, que passou a exibir os dizeres “Precioso Ouro Negro” em reconhecimento à importância do povo negro na formação do município, e a criação da Diretoria de Promoção da Igualdade Racial em 2015.
Congados certificados
Em um dos momentos mais aguardados da cerimônia, foi formalizada a inscrição das manifestações congadeiras no Livro de Expressões e Celebrações do Patrimônio Cultural Imaterial de Minas Gerais. As seguintes tradições foram oficialmente reconhecidas:
- Banda de Congado Santa Efigênia e Nossa Senhora do Rosário de Miguel Burnier
- Guarda de Congo de Nossa Senhora do Rosário e Santa Efigênia do Alto da Cruz
- Congado de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito de Santo Antônio do Salto
- Congado de Nossa Senhora do Rosário e Nossa Senhora das Graças
- Guarda de Congo Manto Azul de Nossa Senhora Aparecida e São Benedito
- Guarda de Moçambique Nossa Senhora do Rosário e Santa Efigênia
- Reinado de Nossa Senhora do Rosário, Santa Efigênia e São Benedito “A Fé que Canta e Dança”
- Reinado da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos de Ouro Preto
Homenagem a quem preserva a memória
Além de reafirmar a relevância dessas manifestações culturais, a cerimônia homenageou pessoas e instituições que contribuíram para a preservação e o fortalecimento das tradições congadeiras. Foram reconhecidos:
- Sr. Antônio Xisto, pela Banda de Congado de Nossa Senhora do Rosário e Santa Efigênia de Miguel Burnier;
- Maria das Graças dos Santos Silva (in memoriam), pela Guarda de Congo de Nossa Senhora do Rosário e Santa Efigênia do Alto da Cruz;
- José Geraldo Xavier, Humberto Martins R. Ferreira e José Domingos da Silva (in memoriam), pelo Congado de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito;
- Jussara Fernanda da Silva e a Casa de Benção Mãe Maria Conga e Sete Coroas, pela Guarda de Congo Manto Azul de Nossa Senhora Aparecida e São Benedito;
- Geraldo Bonifácio de Freitas e Maria da Conceição Inácio Moutinho, pela Guarda de Moçambique Nossa Senhora do Rosário e Santa Efigênia;
- José Horta Agostinho e Rosângela Fausto, pelo Congado de Nossa Senhora do Rosário e Nossa Senhora das Graças.
Kedison Guimarães, Diretor de Promoção da Igualdade Racial, ressaltou a importância histórica da inscrição: “Esse reconhecimento celebra a memória, a fé e a luta do povo negro. É mais um passo para que nossas tradições continuem vivas e para que avancemos na promoção da igualdade racial.”