Nylton Gomes Batista
Dentre verdades, fatos e novidades, que ainda podem ser ditos livremente, destaca-se o documentário “God Bless Bitcoin” (Deus Abençoe o Bitcoin) lançado, junho passado, nos Estados Unidos e que agora pode ser visto no Brasil. Ao iniciar este texto, ainda era restrito aos que entendem o inglês falado, pois a versão disponibilizada não tinha legendas. Agora já tem e é só digitar no Google o título, em português, para ter acesso ao filme.
Trata-se de estratégia para disseminar o conhecimento sobre a bitcoin, moeda alternativa e criptografada, criada em 2008 para ser utilizada, unicamente, na internet. Embora existente há dezesseis anos, o bitcoin do qual pode-se ter ouvido falar, ainda é praticamente desconhecido da população em geral; uma minoria o utiliza em negócios e como investimento.
“Criado, há de dezesseis anos, o bitcoin é uma moeda digital, circulação exclusiva na internet, sem existência física e descentralizada, ou seja, sem qualquer ligação ou controle de governos, bancos, instituições financeiras, etc. Este é o grande trunfo proporcionado pelo bitcoin aos seus portadores e usuários e, ao mesmo tempo, dor de cabeça infligida aos governantes; é o fato de a moeda não ter um controle central, não estar ligada a nenhum banco e, principalmente, a nenhum governo. Transações com bitcoin se fazem pessoa a pessoa, não importando em que lugar do mundo cada uma esteja, mediante custo menor e sem interferência de terceiros. O bitcoin não sofre inflação, estando seu número limitado a vinte e um milhões de unidades e previsto quando será emitido o último. Ao contrário das moedas comuns, normalmente divididas em cem (centavos), o bitcoin se divide em cem milhões de satoshis (nome presumido do criador da moeda), representados por oito casas decimais após a vírgula. Devido a essas peculiaridades, o bitcoin ganhou projeção e valor, tornando-se meio de pagamento para uns e reserva de valor para outros, facilitando, em muito, transações excessivamente burocráticas, demoradas e onerosas, pelos meios ordinários conhecidos. Seu sucesso ainda fomentou o surgimento de outras criptomoedas que, atualmente, se elevam a mais de dez mil” (o texto entre aspas foi transcrito do e-book DEMOCRACIA ABERTA JÁ, deste autor).
Mais ou menos, isso é dito do bitcoin. Entretanto, pouco é dito da “blockchain”, ambiente no qual o bitcoin e todas as demais criptomoedas são geradas, disponibilizadas e onde também circulam, garantindo CONFIANÇA e SEGURANÇA, dois dos sete princípios a sustentar o bitcoin. Os outro cinco são: DESCENTRALIZAÇÃO, ESCASSEZ, PRIVACIDADE, LIBERDADE e OPORTUNIDADE. Por aí se vê que o bitcoin, a primeira criptomoeda, não é produto de mágica, porém fruto de uma tecnologia, que já está a revolucionar a condução das atividades humanas. Está claro que isso não agrada e não interessa a muitos, no topo da pirâmide, incluso aí o sistema financeiro, razão pela qual é repassada a desavisados a falsa noção de que o bitcoin e demais moedas do mesmo gênero estariam associadas ao crime, à lavagem de dinheiro, ao tráfico de drogas, etc. Isso faz parte dos interesses dos competidores do mundo financeiro e dos próprios governos. Cá fora, sim, criptomoedas, como qualquer outra moeda controlada por governos, podem estar vinculadas a negócios escusos, mas não dentro da rede blockchain.
Como já era de se esperar de alguns setores, também ao documentário a reação foi, se não de repulsa ou condenação, de ácidas críticas como, “…curioso perceber como o título invoca um quase fervor religioso, numa oração que soa ao mesmo tempo como clamor e hino de devoção” ou a “narrativa é montada com uma retórica que busca moldar o Bitcoin não apenas como um ativo digital, mas como uma espécie de libertador dos homens e abusos de um sistema financeiro tradicional – qual uma entidade redentora para as massas exploradas.” Contra o documentário lançam a pecha de apelação religiosa, a partir do título, como se DEUS fosse propriedade de alguma religião.
DEUS É O QUE É, não precisa de nada, de ninguém, e, DELE tudo e todos dependemos! Entretanto, não só neste caso, pois comuns se tornam restrições de cunho preconceituoso diante da palavra Deus. Plataformas de IA, por exemplo, creio que não todas, bloqueiam projetos que contenham palavras como “deus”, “céu”, “oração”, “bênção”, “santo”, entre outras, sob a alegação de que se trata de assunto religioso, não permitido por regras internas. Tais palavras nem sempre estão dentro de contexto religioso, mas as plataformas entendem que sim. Pelo sim, pelo não, Deus abençoe o bitcoin!