IMAGEM: Corpo de Bombeiros/MG
REPORTAGEM: Gabriel Ferreira
Hoje o maior crime socioambiental do país completa 9 anos. O dia 5 de novembro de 2015 ficou marcado pelo rompimento da barragem de Fundão. Quase 10 anos depois, pessoas ainda enfrentam muitas dificuldades na reparação de danos.
Foram cerca de 60 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério de ferro que destruíram lugares, comunidades e famílias. Desde então, diversas promessas por parte de empresas envolvidas na tragédia alegavam que uma reparação, quase uma década depois, estaria ao menos próxima do fim.
Além disso, esse processo interminável de tentativa de reparação, conta com inúmeros problemas. Segundo dados apresentados pelo Cáritas MG / ATI Mariana, mais de 85% das moradias reassentadas apresentam falhas. Falhas essas que impossibilitam o restabelecimento das condições de vida que tinham os moradores dos locais afetados. Problemas no reassentamento, no acesso à água, negligência na recuperação do solo, precariedade habitacional e sobrecarga judicial, são alguns dos aspectos marcantes do caso.
Outras vítimas acabam sendo de certa forma “invisibilizadas” por não serem contempladas pelo reassentamento coletivo. É o caso de famílias que não puderam retomar formas de produção e atividades econômicas, perdendo sua fonte de renda até os dias de hoje.
A ideia inicial era trazer uma reparação integral aos atingidos, com restauração social, econômica, cultural e ambiental. Porém, na prática, o que podemos ver de reparação se limita a aspectos materiais.
O último dia 25 de outubro ficou marcado pela assinatura da repactuação do acordo feito ainda em 2016, para reparação dos danos causados pelo rompimento, onde estiveram presentes os governos de Minas Gerais e Espírito Santo, representantes das mineradoras Vale, Samarco e BHP e o próprio Governo Federal. Foram quase dois anos, sem a participação de pessoas atingidas, de negociações e termos para a repactuação.
Muito se fala em “acordo de repactuação”, mas é indiscutível a exclusão das pessoas atingidas em mesas de negociação, por exemplo, questiona a Cáritas. “Como garantir dessa forma uma reparação realmente justa ou que de fato atenda às crescentes necessidades e demandas da comunidade?”.
Os 9 anos do rompimento contam com programação envolvendo exposição fotográfica, ato em memória das vítimas fatais, caminhada em Bento Rodrigues, entre outras atividades. Confira as datas da programação completa:
- 05/11: – Ato em memória das pessoas que morreram em decorrência do rompimento da barragem de Fundão e em atenção à não repetição dos danos diante do Projeto a Longo Prazo. Ocorrerá em Bento Rodrigues, a partir de 9h da manhã;
– Caminhada em Mariana (MAB), iniciando no Centro de Convenções, às 14h30;
– Intervenção e Projeção visual (Cáritas MG, Conterra e Minuto de Sirene), às 16h na Praça Minas Gerais.
- 06/11: – Distribuição de mudas, na Escola Família Agrícola Paulo Freire, às 7h.
- 11/11: – Encerramento da exposição “Como contar o tempo que não volta?” (ICHS).