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Mineração ou Turismo? O que nós queremos aqui?

Com as duas represas de rejeitos de minério de ferro, Bento Rodrigues e Córrego do Feijão, arrasando tudo o que existe a jusante e matando tantos mineiros, há discussões intensas sobre a continuidade do processo de mineração no Quadrilátero Ferrífero de Minas Gerais – onde estão nossas cidades – e até em outras regiões de MG. Parece até que as pessoas se esquecem do nome de nosso Estado… As famosas minas gerais. A simples redução da produção de minério de ferro e o seu beneficiamento posterior, produzindo chapas, tubos, trilhos, ferramentas de ferro e aço já começa a impactar todo o processo industrial que utiliza estes materiais. Não só em Minas, mas em todo o Brasil.

Fala-se em proibir a operação de minas. Ora, o que nossos municípios farão?  Apenas dois exemplos: Mariana tem 98% da atividade econômica – leia-se impostos, emprego, benefícios – resultantes da exploração mineral. Ouro Preto é sensivelmente menor e tem uma alternativa ainda pouco explorada – o turismo e atividades culturais. Se Mariana não puder mais explorar minério de ferro, o que farão as pessoas que lá residem? Fugir para Ouro Preto? Fugir para Belo Horizonte? Voltar para Lisboa? Usar as “rotas de fuga” que entraram na moda. Em Itabirito há placas por todos cantos da cidade…

A partir deste quadro terrível, devemos pensar o que queremos que aconteça aqui. Tomamos a liberdade de elencar três ações necessárias e um alerta:

  1. Exigir que as mineradoras operem com características de segurança comum em outros países. Já existe tecnologia e procedimentos que, se utilizados, impedirão catástrofes. Exigir que as cavas finais se transformem em parques públicos, como se faz em outros países.
  2. Abrir novos segmentos de atividade econômica. E aí o turismo surge como uma alternativa fantástica: em vez de produzir “cavas finais” – buracos infernais – criar montanhas de riqueza inesgotável – eventos, gastronomia, cursos, caminhadas – que atraiam turistas e gerem emprego e renda nas nossas comunidades.
  3. Esquecer a infeliz frase que se usou frequentemente: “Minas trabalha em silêncio!” Temos que apregoar aos quatro ventos, em alto e bom som, uma nova Minas Gerais, que faz coisas boas e faz barulho anunciando o que faz! Em Minas, no Brasil e no mundo! Multiplicar por 1.000, 5.000, etc. o número de turistas, de pousadas, de eventos.

E apenas um alerta: Deve ficar claro que negociar com uma única empresa mineradora (ou poucas) sempre é mais fácil do que educar e treinar milhares de pessoas que prestarão serviços turísticos. Até porque, na onda atual do “Lava Jato”, as propinas de empresas fluem mais facilmente quando há poucos operadores. Uma nova postura das administrações municipais será necessária. E não se precisa ir longe: Itabirito já incentiva o turismo, com maestria. Vamos usar o bom exemplo e todos nossos municípios serão beneficiados!

Nossa ONG Trilhas de Cultura está organizando o Caminho dos Emboabas. Um Parque para a prática de caminhadas, ciclismo e cavalgadas com 750 km2. Esclarecendo: 150 km de Raposos até Ouro Preto, com apenas 5m de largura! Qual seja, correndo sobre o leito abandonado da Estrada de Ferro D. Pedro II. Que foi construída em 1880 e desativada em 1996. Sendo uma ferrovia, não tem subidas nem descidas, corre no plano. E passa por lugares lindos! Quantos já viram as antigas represas da Mina de Morro Velho na Região de Raposos? A Igreja e o Cemitério abandonados no “Chiqueiro dos Alemães” entre Miguel Burnier e Cachoeira do Campo, na Parada Hargreaves? Os fabulosos topázios imperiais em Rodrigo Silva? As estações inglesas, lindas? O lago existente na Parada Tripuí? O Peripatus Acacioi, um “monstro” de 300 milhões de anos? A lista completa, que nunca terminará, ocupará muitas páginas. Os sonhos nossos também… E vamos, todos juntos, transformar sonhos em realidades! Estamos em fase final de negociação com ANTT e DNIT sobre os “Direitos de Passagem”. E também com alguns grandes patrocinadores que aportarão recursos para que tudo seja organizado num padrão internacional.

Estamos planejando um Seminário que será realizado em Caeté – onde as batalhas da Guerra dos Emboabas em 1701-1703 foram mais intensas – envolvendo as municipalidades do Caminho do Ouro, da Estrada Real, as Grandes Mineradoras, o IBRAM, o SINDIEXTRA-MG, a Academia e dos operadores de turismo brasileiro e internacional. Terá a duração de três dias e cobrirá temas palpitantes. Ao final esperamos que o nome acima – Mineração ou Turismo? O que nós queremos aqui? – se transforme num novo modelo de atividades, que terá o nome “Turismo e Mineração – Isto todos nós queremos em Minas Gerais”. Isto deve ocorrer ainda em 2019 ou, no mais tardar, no inicio de 2020. Isto é, quando o Caminho dos Emboabas já for uma realidade, com  patrocinadores de grande porte e todos da nossa região trabalhando num novo ambiente.

*Rodolfo Koeppel mora em Glaura há 20 anos. Desde 1969 está envolvido em atividades em Ouro Preto, tendo instalado o primeiro computador IBM-1130 na Escola de Minas, junto com o Prof. Calaes. Ele é hoje o Presidente da ONG Trilhas de Cultura Minas Gerais. Se você quiser conhecer mais, clique no site que estamos construindo e você verá o que pode ser o futuro / www.trilhasdecultura.com.br

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