Ao completarmos os primeiros seis meses de 2020, e após três meses, abril, maio e junho, de epidemia, que avaliações são possíveis quanto ao retrocesso econômico? Sem que possamos ainda, com maiores certezas, realizar previsões seguras quanto à extensão da epidemia, fica mais difícil ainda um cálculo mais exato do desastre econômico, da perda de emprego, da queda das receitas públicas, da falência inevitável e muitos negócios, especialmente do comércio, em todos os seus ramos, e principalmente do turismo, bem como da prestação de serviços particulares. Ano excepcional, incrível e dramático, absolutamente imprevisível, cercado de incertezas e temores.
E que atinge a todos, pobres e ricos, pessoas de todas as regiões, todas passíveis de se contagiar, com incertezas e temores quanto às possibilidade de um contágio, mesmo fortuito, mas que pode levar à morte, sobretudo os mais velhos ou com morbidades. Será possível, e esta é a maior dúvida, que a epidemia se encerra por si, quando parcela majoritária da população possuir anti-corpos? Ou teremos que esperar uma vacina, que todo o mundo está buscando, para efetivamente combater com maior sucesso a propagação do vírus? Os três meses de epidemia ainda não nos permitem respostas mais confiantes.
Uma outra indagação permeia os debates sobre a epidemia: qual mundo sairá desta peste? Um mundo melhor, mais solidário, cooperativo, que dialogue e troque experiências e ajudas, que conclua, finalmente, que é preciso reduzir as desigualdades sociais, pensar mais na área social, na extinção de bolsões de miséria, doenças e guerras, ainda existentes em todo o mundo, apesar de já estarmos no terceiro milênio do Século XXI? Afinal, o que a epidemia, que o mundo assiste e sofre mais uma vez, nos ensinará quando está globalizado, unido pela Internet e com avanços científicos extraordinários?
E o nosso Brasil, que sobre o avanço do vírus, que revela suas mazelas quando o combate à epidemia deveria provocar ações mais eficazes, amplas, rápidas, prioritárias, com protocolos bem elaborados e controlando as ações em todo o território nacional? Será que os governos, especialmente o Governo Federal, terá condições de liderança, de ação lúcida e integrativa, para conduzir não só o combate à epidemia mas, e sobretudo, recuperar a economia tão fraglizada? E criar condições de sobrevivência de empresas, de manter empregos, de continuar gerando receitas públicas para evitar que os 9% de queda do PIB fique neste patamar?
Cabe indagar: se a epidemia durar mais três meses, o que é possível, com o isolamento social mais rígido, como forma de evitar a propagação mais acelerada do vírus, como estará economia, os negócios, os empregos, os próprios serviços públicos, insuficientes devido à falência dos orçamentos? São perplexidades que nos afligem e que precisam suscitar debates e avanços seja por diagnósticos possíveis, seja na identificação de ações concretas que possa orientar toda a população. Até lá, muita preocupação, temores e angústias.
*Jornalista (mwerkema@uol.com.br)