Em meio ao debate sobre o retorno das atividades empresariais, quando a epidemia parece reduzir sua propagação e se anuncia a existência de vacina já para o próximo mês, prepondera a questão da retomada do turismo. A perspectiva principal é que mais de um bilhão de dólares deixará de ser gasta por brasileiros em viagens ao exterior nos próximos meses, revertendo este valor para as viagens no território brasileiro. Seria o turismo interno contemplado por esta consequência da epidemia, que ainda apresenta várias incertezas no cenário internacional, não só na retomada plena dos serviços turísticos mas porque em vários países, que são destinos internacionais, ainda persistem incertezas com relação à reabertura das atividades receptivas.
Surge desta realidade a proposta apresentada pelos diversos segmentos integrantes da cadeira do turismo, como também da cultura, de incentivar “o Minas para Minas”, ou seja, a realização de programas e ações de promoção de viagens aproveitando a diversidade e a variedade dos destinos e atrativos mineiros, entre outras facilidades, como competividade por custos, centralidade do território mineiro com distâncias reduzidas, a hospitalidade mineira e suas atrações e produtos diversos, maior segurança até com relação à epidemia, entre outros fatores que estimulam o turismo interno.
A iniciativa encontra motivação no fato de que as previsões quanto ao retorno do turismo, com viagens internacionais e mesmo no Brasil para destinos de longa distância, não deverá ocorrer plenamente nem 2021. Persistem temores diversos e muitas incertezas, em diversos aspectos da cadeia econômica da indústria de viagens. Esta redução do turismo internacional já é detectado pelas agências de viagem, que não recebem demandas de viajantes mesmo quando se anuncia melhores condições de controle da epidemia e existência próxima de vacinas. De resto, o setor turístico, quando o da cultura e suas manifestações, vivem crise estrutural sem precedentes, inclusive com a falência e encerramento de várias atividades e empresas. E o futuro próximo ainda não anima maiores investimentos sem o mercado não demonstrar a retomada de uma vitalidade mínima.
Cria-se, portanto, segundo os operadores que buscam retomar atividades, uma oportunidade para o turismo interno, especialmente para destinos mais conhecidos, como as cidades históricas mineiras. A Secretaria de Estado de Cultura e Turismo procura incentivar iniciativas e busca apoio de cidades turísticas e da cadeia econômica receptiva, prefeituras, a hotelaria, a alimentação, meios de acesso, os atrativos como museus, monumentos históricos e religiosos, promoções incentivadoras. Mas, e especialmente, garantia de recepções seguras, com segurança, boa informação, preços competitivos. Cabe neste momento uma propaganda inteligente, chamativa, com participação de todos os segmentos econômicos e empresariais de cada cidade, estimulando a vinda de visitantes, com ofertas atraentes e seguras.
O debate atualmente desenvolvido pelas entidades do turismo tem apontado duas questões: é hora de aproveitar a oferta/demanda reprimida e oferecer vantagens competitivas e cabe aos governos, estadual e municipais, bem as entidades do turismo e da cultura de cada cidade realizar promoções e divulgações desde já. Admite-se que um retorno moderados dos fluxos turísticos possa ocorrer ainda este ano mas é preciso preparo forte e inteligente para 2021.
*Jornalista (maurowerkema@gmail.com)