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BR-356 em colapso com trânsito lento e perigoso

Por Mauro Werkema*

O trecho da BR-356, de Alphaville a Mariana, vive um pré-colapso. Excesso de veículos, carros de passeio, ônibus e, especialmente, caminhões pesados de transporte de minérios, pesados e longos, tornaram o trecho, de mais ou menos 90 km, em um dos mais congestionados e perigosos de Minas Gerais. E com vários agravantes: trechos montanhosos, curvas extremas, muito pouco acostamento, falta de terceira pista em vários momentos, trechos urbanos. E falta de sinalizações adequadas que possam advertir motoristas, orientar o tráfego. O resultado são constantes paralisações, muitos acidentes, aumento do tempo de viagem devido ao acumula de veículos. Os transtornos são óbvios e as estatísticas, inclusive de acidentes fatais, demonstram a situação de pré-colapso.

É bom lembrar que a Rodovia dos Inconfidentes foi implantada em 1952 por Juscelino, então governador do Estado, beneficiando, precipuamente, Ouro Preto e Mariana, cidades turísticas. De Belo Horizonte a estas cidades ia-se pela estrada antiga que passava em Nova Lima, Raposos, Rio Acima, até Itabirito, seguindo em grande parte o Rio das Velhas e pelas encostas da Serra do Espinhaço. A engenharia rodoviária da época não permitia vencer, com menos custo, topografias montanhosas, como a Serra de Itabirito e eliminar as curvas próximas de 180 graus que apresentam hoje.

E, é fundamental lembrar ainda que a demanda populacional cresceu extraordinariamente e a BR-356 atende hoje várias cidades, como Itabirito, Ouro Preto, Mariana e leva a Ponte Nova e alcança a BR-262, que leva ao Espírito Santo. E dezenas de distritos, alguns de grande porte, como Cachoeira do Campo e Amarantina. Seu tráfego recebe hoje grande parte do trânsito da BR-381, a Rodovia da Morte, de BH a Governador Valadares, em razão de esta rodovia estar com obras inacabadas e ser temida pelos elevados graus de acidentes.

A BR-356 está em discussão, mas, até agora, com debate pouco objetivo e até ingênuo. Foi discutida na Assembleia Legislativa em um debate claramente enganoso e com pouco conteúdo. O governo do Estado propôs solução difícil ou inaplicável à urgência do problema, qual seja oferecer sua concessão à iniciativa privada que, por três anos, cobraria um pedágio, com valores escorchantes, muito altos, para gerar o recurso para obras de melhoria da rodovia.

Proposta evidentemente estapafúrdia e até tola, nos seus vários aspectos. A rodovia é federal, sob gestão do DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) que conhece bem a situação da rodovia mas, até agora, nada oferece de concreto ou operacional, nem mesmo plaqueamentos de orientação e segurança aos usuários.

E a demanda de veículos cresce com o fenômeno da “fuga do urbano”, ou seja, as viagens de lazer ou turísticas facilitadas pelo asfalto e pelo automóvel, em percursos de até 100 km, especialmente em fins de semana ou feriados. E são muitos também os novos condomínios ao logo da rodovia, acrescentando novos contingentes de veículos. Tais fenômenos permitem prever que a BR-356 terá demanda ainda muito maior nos próximos e breves tempos.

Mais grave ainda é a questão das minerações que transportam o minério de ferro pela rodovia. Calcula-se que já são cerca de 250 caminhões pesados, com tonelagens elevadas, inadequadas para o piso rodoviário. E que têm sido causadores de acidentes e congestionamentos. Anuncia-se que novas minerações estão para serem iniciadas na região, com utilização rodoviária, situação claramente inadequada, perigosa e abusiva. Trata-se, obviamente, de uma utilização de rodovia que serve a centros urbanos, inclusive turísticos, por veículos pesados, longos, lentos, frise-se, em claro uso abusivo. E o DNIT licencia. E as minerações também são licenciadas sem que as condições de operacionalização sejam aferidas e exigidas.

É hora, por tudo isto, de as autoridades, governos federal e estadual, prefeituras, instituições da sociedade, tomarem providências objetivas, realistas, não delirantes ou inapropriadas. Todos têm conhecimento da situação pré-colapsial mas ficam no lamento. E permanece a inoperância, em prejuízo para as populações.

*Jornalista (maurowerkema@gmail.com)

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