Por Mauro Werkema
No horizonte mundial paira uma nova e complexa ameaça: os desastres climáticos e ambientais. Confirmando previsões de cientistas e estudiosos da questão climática, os desastres já ocorrem, no Brasil e no mundo, em grande escala. Nos últimos dias vimos dominar o noticiário e vai deixando destruições em todo o mundo: elevação das temperaturas causam chuvas torrenciais e imprevistas, com fortes tempestades, rios saem de seus leitos, ocorrem inundações, enchentes que invadem cidades e destroem populações ribeirinhas, incêndios florestais que alcançam cidades, deslizamento de encostas desalojando moradores, queda de geleiras milenares, aumento do nível do mar, alterações dos regimes climáticos, com impactos na produção agrícola e oferta de alimentos. Julho foi o mês mais quente registrado no mundo.
O homem, em súmula, paga pelos seus erros, pelo uso indevido e exploratório dos ambientais naturais, destruição de florestas, uso sem limites de recursos naturais sem controle dos impactos na natureza. E não faltaram advertências e mesmo previsões dramáticas, em todo o mundo. O Brasil sediou a famosa Rio-92, que produziu um pioneiro alerta sobre a imperiosa e urgente necessidade de respeitar a natureza deste mundo em que vivemos, nossa casa e nosso planeta, que tem limites naturais que precisam ser respeitados, sob pena de se tornar inabitável. E não há outro mundo.
Seguiram-se vários encontros ambientais, com destaque para os Acordos Ambientais de Paris, que contaram com presença de todo os países, produziram fartos e realistas documentos mas os resultados são questionáveis. A ONU, pela palavra do seu secretário-geral, tem feito advertências graves, com dramáticas previsões de agravamento da questão ambiental e novos e incontroláveis desastres, cada vez mais graves, que matam, destroem cidades e reservas naturais, em escala ascendente, já em plena ocorrência, comprovadas pelo assustador número de desastres ambientais de variadas natureza e origens.
O Brasil está no primeiro plano destas ocorrências. É observado pelo mundo. Discute muito, realiza seminários, tem sido voz presente a atuante nos encontros internacionais. Diárias são as advertências dos cientistas brasileiros. Pode-se afirmar que já existe plena consciência e amplo conhecimento de que vivemos um ponto de mutação climática no Brasil e no mundo, a exigir ações emergenciais, positivas, operacionais e viáveis. O mundo inteiro acompanha o Brasil especialmente as iniciativas de proteção da Amazônia e seus impactos climáticos no mundo. A Amazônia, maior reserva florestal do mundo, está ameaçada por devastações criminosas de sua reserva florestal, queimadas, ação invasiva de garimpos, expulsão e assassinatos de populações indígenas e toda uma série de crimes assustadores, que levaram ao genocídio dos yanomamis, felizmente enfrentado e contido, mas que deixaram imagens dramáticas do desastre humanitário associado à questão da destruição ambiental.
Felizmente, o governo federal, com apoio dos Estados e revalorização dos órgãos ambientais, está contendo a destruição da floresta, mas sabemos que, por sua extensão e o alcance da ação criminosa, não é tarefa fácil e de curto prazo. O exemplo da Amazônia revela que o combate à destruição ambiental e a recuperação de recursos degradados é tarefa muito ampla, a exigir campanhas mais longas, amplas, rigorosas, atingindo amplos setores da ação criminosa. E espera contar com apoio de países comprometidos com a preservação, até agora prometido, mas não complemente executadas.
É fundamental ressalta que a preservação ambiental é tarefa de todos, governos, empresas, mas também dos cidadãos, nas suas escalas de responsabilidade. Empresas poluidoras, que despejam seus resíduos tóxicos nos rios, prefeituras que não cuidam do saneamento básico, que não realizam as obras de contenção de seus rios e encostas, que não dão tratamento adequado aos seus lixões, que não realizam campanhas de esclarecimento e orientação a seus moradores sem casa sobre a ocupação perigosa de encostas, precisam ajustar-se a esta luta, que é de todos nós e do mundo.
O mundo enfrenta o aquecimento global, que já se constata na ocorrência de vários fenômenos e desastres. E permite antever, já neste próximo verão, temperaturas elevadas e novas ocorrências climáticas. Não pode prevalecer o discurso negacionista sobre as mudanças climáticas. Ocorrerão alterações na vida urbana e no campo, nas atividades agrícolas e empresariais. Caminha-se para um acordo global. Mas até lá, e a efetiva adoção de medidas que possam alterar o curso rápido da destruição ambiental, é preciso que todos colaborem e se informem e que possam se precaver, mas também contribuir, no âmbito de cada um, cidadãos e instituições, com a contenção do ritmo veloz, atual, da destruição ambiental. Eis o maior desafio e a maior luta do mundo atual.
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