Mauro Werkema
É intenso e muito atual o debate sobre os extremismos políticos e ideológicos que ocorrem em todo o mundo. E os pensadores da atualidade já falam que está faltando ao mundo um amplo e consistente humanismo, alicerçado no diálogo, na cooperação, na convivência pacífica e construtiva em que possam conviver diferentes formas de pensar, divergentes, mas não inimigas destrutivas. Esta reflexão atinge diretamente o Brasil onde uma polarização ideológica não permite debates mais produtivos no sentido de buscar caminhos viáveis e necessários para que o Brasil retome um crescimento econômico sustentável e socialmente mais justo. Com apoio, participação e em benefício de todos.
Nesse debate, segundo os especialistas, são importantes os papeis da Comunicação e da Internet. A vida interconectada, pelos telefones e computadores, onipotentes e universalizados, como nunca dantes no mundo, coloca a todos numa fantástica intercomunicação, dinâmica, rápida, mas também a serviço de desinformações ou de pregações ideológicas mais extremistas. A verdade nem sempre prevalece. A comunicação ampliou-se e, infelizmente, se faz ao sabor do modo de pensar e os limites éticos de cada um. Tal realidade muda o mundo e hoje, rigorosamente, não sabemos onde vai parar com o rápido avanço da Inteligência Artificial.
E o alcance deste novo mundo informatizado vai além das pessoas para chegar às empresas e instituições de qualquer ramo. Esta é uma reflexão oportuna no Brasil atual quando está em debate a polarização política e a dificuldade de obter apoios indispensáveis a programas e políticas públicas de interesse nacional. No congresso a maioria impede avanços além do seu pensamento, em geral conservador. E a disputa política sustenta-se nas divergências, que seriam naturais no regime democrático, mas que são exercidas destrutivamente, para qualquer proposição. Então, ocorre a paralisia, o travamento de quaisquer avanços. Esta é a realidade que vivemos no quadro político brasileiro atual.
O mais interessante, senão também o mais grave aspecto dessa situação atual, é que debate político, essencial a democracia liberal e à evolução das ideias, fica travado e não permite nem aferições corretas à opinião pública, com isenção e objetividade. E tal situação atinge também a conversação pessoal pois a polarização político-ideológica, com a radicalização atual, não se realiza. Permanece na “bolha’ de cada um, como se habitassem planetas diferentes, com realidades diferentes e que as percepções objetivas acabam obscurecidas nas leituras e visões antagônicas.
Não há dúvida de que o governo federal conseguiu superar os arremedos golpistas do governo anterior. E que, com as dificuldades decorrentes deste complexo Brasil, tenta implementar um programa de desenvolvimento. E já recuperou a Educação, a Cultura, a Ciência, investe na contenção da crise climática e na recuperação da Amazônia, retomou os programas sociais de apoio aos mais pobres, iniciou uma fundamental reforma fiscal-tributária, o PIB de 2023 cresceu 2,9% e o comércio varejista cresceu 2,5% em janeiro, o emprego melhorou e a taxa de juros decai. Mas ainda falta muito. E está faltando patriotismo mínimo que possa sustentar uma pauta de crescimento econômico, em favor de todos. O Brasil, afinal, já se disse, tem tudo para ser um grande, próspero e civilizado país.