Alencar da Silveira Jr.*
Nos últimos meses, a mídia tem lançado um olhar crítico sobre as plataformas de jogos digitais, especialmente as que envolvem apostas. Há uma crescente preocupação em torno dos efeitos negativos que esses jogos podem causar, principalmente em crianças e jovens. O vício desenfreado nesses jogos tem levado a uma dependência mental alarmante, que, em casos extremos, resulta em consequências devastadoras, como o suicídio.
Os relatos não são isolados; eles refletem uma realidade preocupante onde os apostadores, em busca de satisfação imediata, mergulham em prejuízos financeiros, acumulando dívidas que se tornam insustentáveis. O impacto na saúde mental é indiscutível, e a sociedade precisa urgentemente debater os caminhos para mitigar esses efeitos nocivos.
Durante minha participação na 6ª reunião da União Nacional dos Legisladores e Legislativos Estaduais (UNALE), realizada nesta semana na Assembleia Legislativa do Espírito Santo, levantei essa preocupação para meus colegas parlamentares de todo o Brasil. Propus que direcionássemos uma moção ao Congresso Nacional e ao Senado, destacando a necessidade de estabelecer critérios claros e objetivos para regulamentar essas plataformas, especialmente no que diz respeito ao acesso de crianças e adolescentes a jogos de apostas na internet.
Os dados de institutos de psiquiatria e as diversas matérias publicadas na mídia apontam para uma sociedade que, se não agir, corre o risco de se tornar refém do vício em jogos digitais. De acordo com um estudo recente da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 6% da população mundial já apresenta algum grau de dependência em jogos digitais, e esse número tende a aumentar se medidas preventivas não forem implementadas.
Embora eu seja favorável à legalização dos jogos, entendendo os benefícios econômicos que podem promover, como a geração de emprego e renda, acredito que isso deve ser feito com responsabilidade. A regulamentação precisa ser robusta o suficiente para proteger os indivíduos, especialmente os mais vulneráveis, do vício e das suas consequências devastadoras.
É fundamental que as autoridades, em conjunto com a sociedade, discutam e tracem novas diretrizes para o setor. Precisamos garantir que, ao mesmo tempo em que os jogos digitais são um meio de entretenimento e desenvolvimento econômico, não se tornem uma ameaça à saúde mental da população e a nova pandemia neste Brasil.
*Deputado Estadual por Minas Gerais