Mauro Werkema*
A crise climática torna-se a questão mais urgente e grave no mundo e, especialmente, no Brasil. Cientistas e especialistas vêm advertindo o mundo que o meio ambiente mudaria drasticamente se não fossem adotadas medidas, em nível mundial, de contenção das alterações e intervenções destrutivas da natureza. Agora, de maneira ampla e assustadora, com inúmeros desastres e um imprevisível futuro, a natureza demonstra que o mundo terá que realizar rápidas e eficazes transformações se quiser manter sua civilização e suas atitudes de exploração da natureza. E a questão se torna mais grave no Brasil, pelas dimensões territoriais, pela diversidade das coberturas vegetais e outras ocorrências climáticas, pelo descuido para com a natureza e até pela mão criminosa do próprio homem.
E acontecem os incêndios, que se propagam, pelo calor excessivo, a falta de chuvas e a seca inclemente, a destruição de matas para expansão do seu uso e cultivo sem respeitar limites naturais, pela extinção de matas nativas e de proteção dos cursos d’água, com a consequente alteração dos climas regionais e até destruição de barreiras naturais contra enchentes. E fala-se até em elevação do nível do mar que pode avançar sobre ilhas e até cidades. E verifica-se alterações climáticas que oscilam sem limites entre as estações e meses do ano, sem as normais previsões das temperaturas, do frio ao calor, dos tempos de chuva, de plantio, de colheita.
Não bastasse o mundo enfrentar as incertezas da pós epidemia da covid-19, das guerras em curso na Ucrânia, em Gaza e Israel, das emergências climáticas e até das crises políticas e econômicas e surge agora a crise climática, muito mais difícil de ser contida ou minimizada a prazo curto. O século XXI surge com crises globais de maneira surpreendente, contrariando as expectativas de quando comemoramos a passagem do milênio e se previa que teríamos um mundo melhor, de paz, de cooperação internacional, diálogo fraterno e cooperativo entre as nações, com o império da ONU.
Afinal, em síntese, o mundo de hoje, de que não escapa o Brasil, demonstra instabilidade política, divisão ideológica e extremista, com instabilidades governamentais e a grave ruptura com a natureza. O fortalecimento da democracia continua sendo uma meta a conquistar, na plenitude de uma sociedade mais justa, mais equilibrada no acessso aos bens da civilização, na remoção dos desequilíbrios sócio-econômicos e remoção das doenças e das pobrezas extremas. E, em meio a tudo isto, indaga-se agora: como enfrentar, com a pressa necessária, a crise climática, garantindo ao mundo condições de uma vida normal com a restauração e proteção da natureza de que todos dependemos?
E a construção das sociedades e seus esforços pelo desenvolvimento econômico mais amplo e justo esta, cada vez mais, dependendo de muitas vulnerabilidades, além das tensões combinadas da política, dos conflitos territoriais, econômicos, comerciais, tecnológicos, sociais e ambientais. São muitas as vulnerabilidades, riscos e incertezas, e não só nos países mais ricos, mas também nas economias emergentes. Tudo isto se inscreve-se numa nova ordem mundo em transição, em que os antigos sistemas de governança se demonstram ineficientes.
Lembremos da Agenda 2030 que estipulou metas civilizatórias para o mundo em diversas reuniões da ONU. E as muitas conferências internacionais que tratam da crise climática, começando pela Rio -92? Que estipularam metas necessárias e de compartilhamento pouco cumpridas, a começar pelo próprio Brasil que luta por conter o desmatamento, para proteger rios e matas de ocupações destruidoras, com destaque para a Amazônia, em especial pelo garimpo ilegal. Onde estão os bancos multilaterais de desenvolvimento? E os muitos e milionários fundos de proteção ambiental. Quais os resultados do G7 e do G20?
Aumenta a responsabilidade do Brasil que se coloca como interlocutor internacional. Mas que enfrenta questões complexas no combate à destruição ambiental, mas também na frente política e parlamentar. Cabe indagar sobre o futuro próximo deste imenso país: que Brasil teremos em dez anos, de paz, prosperidade, contenção da crise climática-ambiental, harmonia, paz e diálogo construtivo entre as forças políticas? São indagações pertinentes e angustiantes perante a realidade em mutação.
*Jornalista e historiador (mauro werkema@gmail.com)