Uma das capelas mais antigas de Minas Gerais, situada em Ouro Preto, está na lista de restauro do PAC das Cidades Históricas e não tem previsão de início. A Capela de São João, que fica no alto do Morro São João, já apresenta uma série de problemas, como infiltração, trincas nas paredes e deterioração da parte elétrica. O zelador e também vizinho do templo, Luiz Gordiano Gonçalves, conta que para manter as portas abertas, vem realizando algumas intervenções paliativas.
À medida que o tempo passa, o estado de degradação do imóvel piora e consequentemente se agrava o custo da revitalização, que ainda não tem nem orçamento e nem prazo para começar. “Na verdade tem outras igrejas em situações mais graves e piores, como a Matriz de Santo Antônio em Glaura e a igreja Bom Jesus de Matozinhos, que terão os projetos concluídos e serão nossa prioridade pela situação e gravidade dos problemas”, explica o chefe do Escritório técnico do IPHAN de Ouro Preto, André Macieira. “A Capela do São João tem problemas relativos ao estado de conservação que demandam atenção. Como revisão de cobertura, revisão dos revestimentos, de pintura, reboco e problema estrutural de acesso à sacristia, mas são problemas menores comparados ao sistema de conservação”, completa André.
Ele ainda destaca que os projetos arquitetônicos e de drenagem já estão prontos e aprovados pelo IPHAN e aguarda a complementação de outros projetos, como de restauração dos elementos artísticos. “A capela é singela, mas vai demandar uma restauração específica com projeto de descarga de para-raios, prevenção e combate a incêndio e o projeto elétrico e pirotécnico”, pontua André. O Chefe de escritório ainda conta que depois de todos os projetos concluídos será feita a revisão e compactação da parte orçamentária e assim será pleiteada a liberação do recurso pelo PAC das cidades históricas. Não há previsão de data pela finalização do projeto complementar e a própria elaboração do orçamento que depende desses projetos.
Mesmo assim, a comunidade e a Irmandade conseguiram promover a festa do Padroeiro, no dia 24 de junho. “Nós não podemos deixar que essa igreja vire ruína. Ela é muito importante na história de Ouro Preto e do Morro de São João. Faz parte do início da cidade”, se entristece o zelador. Todos os domingos, às 17, é celebrada uma missa na igreja.
A origem da capela
A história da Capela está no livro trilíngue Igrejas e capelas – Ouro Preto, que contempla 131 templos da sede e dos 12 distritos de Alex Bohrer, Paulo Lemos e do jornalista Mauro Werkema. “Embora não haja comprovação documental, conta-se que a Capela de São João é a mais antiga de Ouro Preto e está localizada nas proximidades do antigo Arraial do Ouro Podre, um dos primeiros da cidade. Segundo a tradição, este local foi um dos palcos da revolta de 1720, onde, a mando do Conde Assumar, um incêndio devastou a propriedade De Pascoal da Silva, dando origem ao nome daquelas paragens: Morro da Queimada”.